Mais de 200 populares da freguesia de Sangalhos acorreram, na última terça-feira, dia 18 de Janeiro, à Assembleia de Freguesia, convocada extraordinariamente para apreciar a Consulta Pública do Processo de Avaliação do Impacte Ambiental da “Subestação do Paraimo a 400kV”, local onde mostraram o seu repúdio e indignação face à intenção da REN - Rede Eléctrica Nacional em instalar aquele equipamento nesta freguesia. onda de contestação popular População e deputados da Assembleia de Freguesia recusam e querem evitar, a todo o custo, que tal equipamento ali seja instalado, daí a aprovação, por unanimidade, de uma moção de oposição e repúdio perante tal intenção de instalação. Embora a Assembleia de Freguesia não tenha servido para prestar qualquer tipo de esclarecimentos ou dúvidas - não esteve presente nenhum técnico habilitado para isso - a verdade é que o encontro serviu para mostrar a crescente onda de contestação popular que poderá assumir elevadas proporções, na medida em que freguesias como Ancas, Paredes do Bairro, Avelãs de Caminho e Avelãs de Cima também são desfavoráveis à implantação. Contudo, no ar permanecem as questões que vêm atemorizando as populações: “O que é a Subestação? Para que serve? Como vai funcionar? Qual a sua área de implantação? Implicações para a saúde pública e para o ambiente? Que benefícios? Que prejuízos? Porquê a sua implantação numa zona urbana/residencial? Que estudos científicos existem que comprovem não haver malefícios para as populações e para o ambiente?, entre muitas outras”. No final do encontro, que se prolongou por mais de três horas - de muitas acusações à Junta de Freguesia e Câmara Municipal de Anadia, face à posição e condução de todo o processo - a única certeza é que a população promete não baixar os braços e lutar por todos os meios para que o projecto não avance, pelo menos neste local. Para já, parece certo que, no próximo dia 26, dia em que haverá uma reunião de trabalho entre as diversas entidades envolvidas - Câmara Municipal, Juntas de Freguesia, REN, Instituto do Ambiente - nos Paços do Concelho de Anadia, a população está disposta a sair à rua e levar a cabo uma mega-manifestação no centro da cidade de Anadia, mostrando o seu descontentamento, indignação e revolta face à intenção de instalar na freguesia de Sangalhos aquela Subestação Eléctrica que será, segundo nos foi avançado pela autarquia sangalhense - a segunda maior de Portugal e uma das maiores da Europa. dizer Não à Subestação Depois de muitos pedidos de esclarecimento ao autarca Sérgio Aidos, quer por parte do deputado João Morais (CDU), quer por parte do deputado Orlando Silveira (PS) a Assembleia de Freguesia aprovou (como já referimos), por unanimidade, uma moção de oposição face à intenção da REN, tendo em conta que “o consenso que existe entre a expressiva presença de população e os membros da Assembleia de Freguesia de Sangalhos e, após longa discussão do assunto, procedeu-se à votação, por unanimidade, deliberando-se expressar às entidades que solicitam o parecer sobre o Impacte Ambiental a sua oposição relativamente à localização da Subestação Eléctrica do Paraimo (Sangalhos) pelos riscos que provoca na saúde pública, mas sobretudo pela quantidade alarmante de linhas de média e alta tensão que irão ser implantadas e que afectam a qualidade de vida das populações que circundam aquela Subestação. Manifestam ainda a sua estranheza pela escolha do local que é circundado pelas seguintes povoações: Paraimo, Fogueira, Póvoa de S.Geraldo, Póvoa da Palmeira, Ribeiro, Sangalhos, Sá, S.João de Azenha, Póvoa do Salgueiro, Saima, Póvoa do Castelo (todas na freguesia de Sangalhos) e freguesias de Ancas, Mogofores, Avelãs de Caminho e Amoreira da Gândara. A mesma Assembleia de Freguesia repudia a destruição da zona florestal envolvente, estando disponível a sugerir outros locais mais apropriados e não tão prejudiciais à qualidade de vida das populações.” Acrescente-se ainda que, apesar das muitas críticas (quer por parte da população, quer por parte dos deputados da oposição), face à forma como o autarca Sérgio Aidos e Câmara Municipal têm conduzido o processo, sobretudo no que concerne na informação que, até ao momento, chegou à população sobre esta matéria, a verdade é que o autarca sangalhense deu a conhecer que, de facto, a autarquia, desde a primeira hora, tem estado contra a implantação da Subestação: “nós eleitos pelo povo, somos os seus representantes e, como tal, temos feito o que nos compete - dizer Não à Subestação”. À espera da REN Sérgio Aidos revelou ainda que o “não” ao projecto foi apresentado pela autarquia aquando da consulta pública relativa ao estudo de impacte ambiental referente à passagem das linhas (que já terminou em 2004), avançando ainda que “a Junta de Freguesia defende os interesses das populações, a sua qualidade de vida e bem estar”, sublinhando ainda que “o concelho possui locais onde aquele equipamento pode ser implantado, distante do aglomerado urbano permitindo, assim evitar a passagem de linhas aéreas por cima de habitações que a manter-se o local escolhido é inevitável”. O autarca de Sangalhos recusa ainda a escolha do Paraimo “devido ao facto de estar rodeado, no seu perímetro, por várias povoações cuja população manifestou já a sua indignação”, acrescentando ainda lamentar que, apesar dos esforços, contactos e solicitações, “a REN não tenha disponibilizado a presença de um elemento daquele organismo para a última Assembleia de Freguesia para prestar os esclarecimentos devidos à população”, pois, segundo nos revelou, na véspera, dia 17 e por fax, a REN dava a conhecer “manifestar a sua disponibilidade, devendo a reunião ser enquadrada na Câmara Municipal de Anadia”, considerando ainda que, estando agendada, a realização de uma reunião, a 26 de Janeiro, naquela Câmara “este será provavelmente o momento adequado para os esclarecimentos que se revelam necessários”. Catarina CercaDiário de Aveiro |