O congresso “Conversas do Éter” realiza-se este sábado na Universidade de Aveiro com interessados em rádio e ciências radioeléctricas.
A paixão pelo radioamadorismo “é a paixão por um mundo, e até um universo, sem fronteiras”, confessa Flávio Jorge, Engenheiro de Propagação e Sistemas de Comunicação por Satélite no Instituto de Telecomunicações, aluno de doutoramento em Engenharia Electrotécnica da UA e radioamador desde que a idade o permite.
A partir de casa, e de forma totalmente autónoma, “qualquer um de nós pode comunicar com qualquer outro radioamador no mundo, sem que para isso tenha de existir qualquer outro interveniente” afirma Jorge Ruivo, aluno do Mestrado em Engenharia de Computadores e Telemática da UA e radioamador amante das comunicações de longa distância.
Pelo terceiro ano consecutivo, o Conversas do Éter surpreende pelo painel de oradores. Klaus von der Heide, docente da Universidade de Hamburgo, discutirá os limites das comunicações digitais e Douglas Maggs, presidente do Clube de Rádio da Universidade de Harvard, mostrará aos participantes das Conversas do Éter que a engenharia radioelétrica em Boston não é apenas no MIT.
É um dos poucos radioamadores em Portugal a fazer comunicações usando a Lua como satélite, é um especialista em propagação ionosférica, usa muitas vezes rastos meteoríticos para comunicações internacionais e, enquanto radioamador, monitoriza e recebe sinais de sondas enviadas para o espaço profundo como é o caso da Voyager. Por estes feitos já recebeu vários certificados da NASA. Chama-se Luís Cupido, é CEO da LC TEchnologies e é um dos oradores que irá marcar presença nas Conversas do Éter intervindo sob o tema “Comunicações com o espaço profundo: da Terra à Voyager, entre outras”.
Ainda da esfera nacional, Nuno Borges Carvalho, professor da UA, investigador do Instituto de Telecomunicações da UA e especialista em transferência de energia através de ondas de rádio, intervirá justamente sob este tema no Conversas do Éter.
O estado atual do radioamadorismo, as perspetivas futuras para a comunidade e possibilidades de colaboração entre as comunidades amadora e profissional serão ainda discutidas em conjunto com Pedro Borrego da Autoridade Nacional de Comunicações.
“O Conversas do Éter é um congresso de rádio-comunicações que pretende congregar especialmente duas grandes comunidades entusiastas das ciências radioeléctricas: a comunidade amadora e a comunidade académica”, explica Flávio Jorge. A primeira, aponta, “é tipicamente detentora de uma longa e exaustiva experiência na operação do rádio e na observação dos fenómenos radioeléctricos, mas cujos conhecimentos teóricos acerca dos mesmos fenómenos são significativamente limitados e empíricos”. A segunda, responsável pela investigação e pelo desenvolvimento da tecnologia, “possui naturalmente profundos conhecimentos teóricos acerca dos fenómenos, mas a sua experiência de operação e de terreno é limitada”. Neste sentido, aponta Flávio Jorge, “ambas as comunidades se complementam e por isso a troca de sinergias é do maior interesse para ambas as partes”.
Para além da intervenção dos oradores convidados, a organização está a encorajar a submissão de trabalhos desenvolvidos no âmbito das ciências radioelétricas por parte de todos aqueles que simplesmente são entusiastas do rádio (não necessariamente radioamadores, os quais carecem de certificação pela ANACOM). Neste âmbito o melhor trabalho receberá o prémio Michelson-Morley patrocinado pela ANACOM e pelo Instituto de Telecomunicações.
texto e foto: UA
Diário de Aveiro |