A associação ambientalista Quercus aplaudiu hoje a resolução aprovada pela Assembleia Municipal de Ovar que condena o projecto de incineração dos resíduos urbanos dos distritos de Aveiro e Coimbra e defende o seu tratamento mecânico e biológico. "A resolução aprovada por maioria pela Assembleia Municipal de Ovar, apenas com uma abstenção, vem reforçar a posição que já tinha sido tomada de diversas formas noutros concelhos", afirmou à Agência Lusa Rui Berkemeier, da Quercus, aludindo a Coimbra, Águeda, Anadia e Oliveira do Bairro. A Quercus é contra o projecto de incineração proposto pela Empresa de Resíduos Sólidos Urbanos do Centro (ERSUC) - responsável pela gestão dos resíduos de 36 municípios do litoral centro - alegando que este método "é pior para o ambiente e mais caro" do que o tratamento mecânico e biológico (valorização orgânica e reciclagem). Rui Berkemeier realçou que os protestos contra a incineração dos lixos urbanos "têm vindo a crescer", fruto de um maior conhecimento do projecto, considerando que "esta posição de Ovar é um reforço para que o Governo se sinta à vontade de tomar a posição correcta". Contou que no ano passado, numa reunião da Quercus com representantes de 26 dos 36 concelhos, "foi detectada uma grande falta de informação relativamente ao projecto, os autarcas estavam um pouco alheados do problema", acusando a ERSUC de ter "sonegado informação". Segundo o ambientalista, a divulgação pública do resultado do estudo da Hidroprojecto, encomendando pela ERSUC, ainda que seja incompleto, dá razão à Quercus, quando diz que, "sem qualquer financiamento, é mais barato o tratamento mecânico e biológico". "Já o estudo da Universidade Nova de Lisboa, encomendado pelo Ministério do Ambiente, vem dar-nos razão em todos os pontos", frisou. Este estudo concluiu que a incineração é a opção mais cara, custando 26,5 euros por tonelada, enquanto o tratamento mecânico e biológico fica por 16 euros. Rui Berkemeier afirmou que "dentro da maioria [governamental] há uma grande receptividade" às ideias da Quercus sobre esta questão, dizendo ser "cada vez mais difícil" encontrar alguma entidade ou político que defenda o projecto da ERSUC, que prevê a incineração de 90 por cento dos resíduos. Considera que, apesar da situação política do país - com o processo de dissolução do Parlamento em marcha, com a consequente demissão do Governo e convocação de eleições legislativas antecipadas - o Ministério do Ambiente "deveria tomar rapidamente uma decisão sobre este processo". "O ministro tem mostrado vontade em resolver o problema e estamos convencidos que a sua decisão será de acordo com o estudo da Universidade Nova. Mas se não houver uma decisão para breve estamos sujeitos a perder os fundos comunitários", alertou.Diário de Aveiro |