O catedrático da Universidade de Aveiro Júlio Pedrosa apontou, ontem, o próximo Quadro Comunitário de Apoio (QCA) como uma "oportunidade excelente" para dar um impulso na qualificação dos portugueses, factor "essencial para o desenvolvimento". "A minha esperança é que os recursos do QCA sejam usados para dar esse impulso. É uma oportunidade excelente que não devíamos desperdiçar", frisou Júlio Pedrosa no Encontro Nacional da Cultura Científica para a Educação e o Desenvolvimento, que terminou hoje em Coimbra. Para recuperar o atraso de Portugal neste domínio, o antigo ministro da Educação (do ultimo governo socialista de António Guterres) preconizou uma política de "pequenos passos", para que, num prazo razoável, "cada cidadão seja estimulado a passar à etapa seguinte na sua qualificação". "Sem esta mudança é muito difícil para Portugal responder às exigências do desenvolvimento", sustentou Júlio Pedrosa à Agência Lusa, ao sublinhar que a questão só se resolve com "medidas poderosas, através de parcerias entre o Estado, as empresas e as pessoas". Segundo o antigo reitor da Universidade de Aveiro, não se verificou um "salto muito significativo na qualificação e formação da população activa" portuguesa, apesar dos recursos desviados para estas áreas. De acordo com dados evocados por Júlio Pedrosa, cerca de 80 por cento da população activa (com idades entre os 25 e os 64 anos) tem como qualificação máxima o 9º ano de escolaridade, o que faz com que Portugal se encontre "extraordinariamente distante" da maioria dos países desenvolvidos. Na sua intervenção, o docente abordou a questão dos "Modos e contextos de produção e uso do conhecimento científico", observando que, Portugal está "mal apetrechado" para enfrentar as mudanças registadas neste domínio. O encontro, iniciado quinta-feira, foi organizado pela Associação de Museus e Centros de Ciência de Portugal (MC2P).Diário de Aveiro |