O jantar de angariação de fundos, a favor do Centro de Acolhimento de Crianças e Jovens, que se encontra em construção na localidade de Sangalhos, promovido pela Comissão de Protecção de Menores de Anadia e pela Santa Casa da Misericórdia de Sangalhos, não poderia ter corrido de melhor forma. “Um sucesso” foi o balanço, unânime, feito por todos os responsáveis que, tal como aconteceu com perto de 350 pessoas, não deixaram de responder afirmativamente a um convite à solidariedade e ao humanismo. “VIRÁ COLMATAR UMA IMPORTANTE LACUNA” O evento teve lugar, na última sexta-feira, dia 22, na Quinta de S.António, na Fogueira, e contou com a presença de muitas pessoas de Sangalhos (local onde está a nascer este Lar), mas também da quase totalidade das freguesias do concelho de Anadia. Pessoas anónimas, empresários, políticos dos diversos quadrantes, autarcas, responsáveis de IPSS’s, associações, colectividades desportivas e vários agentes de autoridade fizeram questão de participar neste que foi o primeiro (esperam-se de muitos mais) jantar de confraternização e angariação de fundos a favor de uma causa tão nobre: “protecção e promoção dos direitos das crianças e jovens do concelho, e que constitui uma aposta no futuro mais risinho”. No ano em comemora o seu 22º aniversário, a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Anadia (CPCJA) não poderia, de resto, receber melhor prenda. O sucesso do evento deve-se não só ao número de presentes, ao ambiente criado, mas também aos donativos recebidos: a Câmara Municipal de Anadia ofereceu 25 mil euros (cinco mil contos) para a obra, enquanto que um pequeno leilão, realizado, durante o evento, rendeu mais de mil euros: (só a T-Shirt com o nº10 do Eusébio e autografada por todo o plantel do Benfica rendeu 900 euros, oferecidos pelo sangalhense Antero Calvo, sócio da Recer). A obra, cuja iniciativa partiu, no ano de 1994, de uma das reuniões da denominada, na altura, Comissão de Protecção de Menores de Anadia, iniciou-se em 1996, tendo como entidade promotora a Santa Casa de Misericórdia de Sangalhos e, de acordo os seus responsáveis, “virá colmatar uma importante lacuna no acolhimento das nossas crianças e jovens mais desfavorecidos, essencialmente das localizadas na região entre Águeda e o Mondego”. Esta obra que ultrapassa os 500 mil euros. Embora inscrita em PIDDAC, no entanto, tarda em estar concluída. Em construção há nove anos, apenas se encontra pouco mais que alvorada, faltando todos os trabalhos relacionados com os acabamentos interiores e exteriores (carpintaria, pavimentos, aquecimento, electricidade, água, gás) sem falar no apetrechamento que deverá ascender a várias dezenas de milhares de euros. O equipamento (que é único na região) está direccionado para acolher temporariamente crianças e jovens em risco e, segundo o edil anadiense, Litério Marques, “necessita da colaboração de todos”, daí a “missão de solidariedade, tão digna e nobre em que nos encontramos”. Uma missão que “em tempos de crise e porque o poder central não colabora tanto quando deveria” leva a sociedade civil a unir-se, “muito embora também seja difícil mobilizar as pessoas”. Neste contexto de ajuda e solidariedade, a autarquia anadiense entregou à organização um cheque no valor de 25 mil euros (cinco mil contos) com a promessa de que “no futuro continuaremos a ajudar e voltaremos para dar mais uma ajuda”. “ O ÚLTIMO RECURSO” Sem qualquer promessa de ajuda ou de prenda, Manuel Campino, director do Centro Regional de Segurança Social de Aveiro não deixou de considerar serem estes lares “o último recurso”, constituindo, no entanto, para muitas situações, “um equipamento fundamental e cada vez mais premente”. Para João Paulo Anjos, presidente da CPCJA, a presença de todos mostra a “solidariedade por uma causa tão nobre”, como aquela que todos estavam naquele local a defender, pelo que lhes agradeceu pela “generosidade”. Entretanto, José Costeira, provedor da Santa Casa de Sangalhos, não deixou de recordar “o espírito que aqui nos trouxe”, ou seja, o de colaborar para que o Centro seja uma realidade dentro de pouco tempo. A presença de “tantos amigos” prova “o interesse por esta causa - um Lar para crianças e jovens em risco, para que aqui possam encontrar a felicidade, a alegria”, diria. Um jantar que contou ainda com a solidariedade de alguns artistas que deram um brilho muito especial a este encontro. Falamos do sangalhense Nelson Simões (que fez a abertura do espectáculo), do anadiense José Cid (que ao longo de quase uma hora fez todos os presentes recordarem e reviverem alguns dos seus maiores sucessos musicais e nacionais de sempre) e de Musicanto - do Centro de Formação da Casa Rodrigues Lapa. Poesia foi coisa que também não faltou, na voz de Joana Oliveira, que declamou textos de sua autoria e de José Cid. Solidariedade presente também nas inúmeras caves e produtores-engarrafadores que ofereceram todas as bebidas, bem como pastelarias e padarias que ofereceram as sobremesas e ainda a vários assadores de leitões que contribuíram para a surpresa da noite (para além do prato de vitela assada no forno havia o tão apreciado leitão assado) fizesse a delícia dos presentes. Catarina CercaDiário de Aveiro |