A Agência Espacial Europeia (ESA) procura desesperadamente mulheres europeias não francesas que estejam dispostas a participar num estudo sobre imponderabilidade durante o qual terão de permanecer dois meses deitadas. Já no princípio de Agosto a ESA tinha lançado um apelo para encontrar 24 voluntárias para este estudo dos efeitos da ausência prolongada de gravidade na mulher, que deverá começar a 22 de Fevereiro de 2005 num hospital de Toulouse (França). "Mais de 700 mulheres responderam nas primeiras dez semanas que se seguiram", mas a maioria eram francesas - lamentou hoje a ESA, em comunicado. Por isso a agência espacial decidiu "renovar hoje o seu apelo, por querer dar a todas as europeias a mesma possibilidade de participar". As voluntárias - com idades entre 25 e 40 anos, não fumadoras e nacionais da União Europeia, Suíça ou Noruega - terão de permanecer deitadas durante dois meses com a cabeça inclinada seis graus para baixo, de modo a simular os efeitos fisiológicos sentidos pelos astronautas durante uma estada prolongada no espaço. No estudo, feito em colaboração com a NASA, a Agência Espacial Canadiana e o Centro Nacional Francês de Estudos Espaciais, será investigado em que medida a alimentação e o exercício físico permitem compensar os efeitos negativos da imponderabilidade na mulher. Até à data, a maior parte dos estudos em terra sobre os efeitos da exposição prolongada à ausência de gravidade foi realizada com homens e, como poucas mulheres participaram até agora em voos espaciais, conhecem-se mal as consequências do fenómeno nas astronautas, refere a ESA. As 24 voluntárias estarão divididas em três grupos: um que não receberá nenhum estímulo externo durante os 60 dias de cama, outro que realizará um programa de exercícios físicos sem sair da cama e um terceiro que receberá complementos nutricionais. As participantes serão submetidas a uma série de análises médicas nos 21 dias anteriores e nos 20 seguintes ao estudo, para recolher dados comparativos sobre a função muscular, os parâmetros sanguíneos, o sistema cardiovascular, o sistema imunológico, a formação óssea e o bem-estar psicológico. Além de recolher informação sobre os efeitos da imponderabilidade nas astronautas, com vista a futuras missões de exploração da ESA, o estudo permitirá conhecer melhor as consequências da imobilização prolongada de doentes hospitalizados em terra e elaborar medidas para compensar a falta de actividade física. Pela sua colaboração no estudo, cada participante receberá um total de 15.200 euros que será pago durante quatro anos. Os pormenores sobre as condições exigidas às voluntárias estão disponíveis para consulta em www.medes.fr/ltbrw, podendo ainda as interessadas telefonar (de fora de França) para o número .825.82.54.84 (0,20 euros/min).Diário de Aveiro |