POPULAÇÃO QUER INTERCIDADES |
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O número de pessoas que todos os dias têm de ir de Águeda e Oliveira do Bairro para apanhar o intercidades em Aveiro na Mealhada, ou em Coimbra para seguir para o emprego não está calculado, mas sabe-se que ultrapassa algumas centenas.
É um calvário diário. E é por isso que Miguel Roque, presidente da Associação Comercial e Industrial da Bairrada (ACIB), defendeu, na última quinta-feira, data em que se assinalou o primeiro aniversário da elevação de Oliveira do Bairro a cidade, que o comboio deveria começar a parar na nova cidade de Oliveira do Bairro. No entanto, Acílio Gala ressalvou que primeiro é preciso reparar as péssimas instalações da estação de Oliveira do Bairro, que está fechada e a degradar-se.
“ABAIXO-ASSINADO”
Miguel Roque já anunciou que a ACIB “vai fazer um inquérito com empresários e com a população para saber o que pensam sobre a matéria, mas tenho a certeza de que serão unânimes no interesse da paragem".
O presidente da ACIB refere ainda que, depois de sondadas as opiniões, "será feito um abaixo-assinado a enviar à CP, dando conta das intenções da população".
"Este assunto, pela sua importância, tem estado a ser analisado, há uma série de meses, pelos directores da ACIB, até porque ainda estamos a defender o interesse da população de Águeda que, para apanhar o intercidades, também se desloca a Aveiro ou à Mealhada" (agora abrangida por um serviço diário de quatro comboios intercidades).
"Se somos uma cidade, é importante que o comboio pare aqui. Oliveira do Bairro ganharia muito", sublinha.
Acrescente-se que, logo após a passagem de Oliveira do Bairro a cidade, os taxistas foram os primeiros a reivindicar a paragem do intercidades, uma vez que aumentaria o fluxo de passageiros e, por conseguinte, o serviço de táxi.
“SERIA BOM QUE PARASSEM”
Entretanto, os utentes da Estação de Oliveira do Bairro defendem ser importante a paragem do comboio, mas também reclamam que a estação devia ser arranjada.
Para Cláudio Filipe, de Aguada de Baixo, a estação de Oliveira do Bairro é a alternativa mais próxima do concelho de Águeda. "Seria muito bom que os comboios intercidades parassem aqui", afirma.
A opinião é igualmente partilhada por Maria do Céu, de Oliveira do Bairro, que acrescenta ser ainda mais importante que se arranjasse a estação. "É uma vergonha. Ninguém sabe a que horas os comboios passam e as casas de banho estão fechadas desde a remodelação. Há anos", acusa.
Por sua vez, Augusto Domingos, de Sangalhos, apoia qualquer movimento que pretenda "obrigar" os intercidades a parar em Oliveira do Bairro.
Estações estão ao abandono
É uma situação que não se compreende. Gastam-se milhões na modernização da linha-férrea, descuram-se as estações.
A de Oliveira do Bairro, por exemplo, envergonha qualquer pessoa. Desde 2000, foram investidos, pelo Ministério do Equipamento Social, na modernização da Linha do Norte - entre as estações da Pampilhosa, na Mealhada e Quintas, em Aveiro - mais de 80 milhões de euros.
A comparticipação de fundos comunitários foi de 80%. Contudo, as estações foram encerradas e deixadas ao abandono, apesar do cais de embarque ter um aspecto bom. Foram investidos milhares de euros em casas de banho que nunca funcionaram. As passagens subterrâneas estão cheias de dejectos e as paredes pintadas com coloridos grafitos, que não abonam nada a favor daquele espaço. Mas não é caso único. O panorama é semelhante na maior parte das estações entre a Pampilhosa e Quintas. Em Mogofores, os elevadores que fazem a ligação de um cais ao outro avariam dia sim, dia não. Apesar das tentativas, a CP não quis apresentar argumentos ao JB para rebater estas situações.
Acílio Gala
Acílio Gala, presidente da Câmara de Oliveira do Bairro, justifica que "ainda é cedo para reivindicar uma paragem" e que está mais preocupado com a requalificação da estação".
O autarca acusa a Administração da CP de não ter linhas de orientação em relação às duas estações (edifícios) abandonadas no concelho e aconselha a ACIB a não entrar pela linha reivindicativa, mas do diálogo.
"Sou contra abaixo-assinados e outras coisas semelhantes, que não levam a lado nenhum", sublinha.
Diário de Aveiro |
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