VALEU A PENA O RESULTADO FINAL

A verdade é para se dizer. A igreja da Giesta está um brinco.
“Agora é que devia ser inaugurada”, afirma um dos responsáveis pelo embelezamento no que aos douramentos diz respeito, Horácio Branco.
“Toda a gente que lá vai fica de boca aberta”, acrescenta, um pouco orgulhoso pela obra levada a cabo pela equipa de restauro da câmara Municipal (Horácio Branco e Sérgio). Segundo  Horácio Branco, poucas câmaras no país dispõem de uma equipa que se dedica à preservação do património, no domínio de várias áreas.
Esta equipa é responsável pelo restauro dos antigos douramentos das peças que vieram da antiga de Oiã ou sejam: o altar-mor (retábulo), bem como o sacrário, que andava perdido na torre, os altares laterais, que, descobertos e destinados, então ao fogo, foram reocupar o seu lugar.
No trono do altar-mor, a imagem do Cristo Aparecido, que já foi de grande devoção das gentes da faixa ribeirinha e patrono de uma Irmandade das Almas que aqui houve, séculos atrás, que desaparecera e aparecera para fazer milagres. Peça de valor, feita de uma única peça, em pedra, mais tarde e até há pouco tempo, acabou por ser remetida à sacristia.
Para além da preservação do património, que é sempre de louvar,  ficaram a enriquecer o templo. Comparando o que está e como está e o que havia antes do restauro, “não tem nada a ver...”  E mais: “as pessoas ficam doidas e jamais pensaram que estivesse assim”. As que passaram pela igreja para observar e sobretudo as que aproveitaram a festa para ver a beleza.
Uma das peças mais bonitas e naturalmente igualmente proveniente da igreja matriz, o sacrário, ficou obra de luxo, sendo de realçar a cor azul no meio dos dourados. Tinha sido substituída por uma outra peça metálica, há anos, mas temos que convir que o sacrário de madeira restaurado enriquece e está no local de onde nunca deveria ter saído.
“O gozo foi recuperar as peças que estavam perdidas e voltaram ao seu lugar”, afirma Horácio Branco.
Segundo sabemos, muitas pessoas têm visitado a igreja, que acabou, e muito bem, por ser beneficiada com bonitos e seguros bancos em madeira estrangeira, sendo geral o louvor e admiração pela obra feita. “É bom que a visitem para que vejam o esplendor da obra”, afirma ainda Horácio Branco, - “aquele ouro até parece que incendeia”.
Quase onze meses levou o restauro dos altares, retábulo e sacrário e ainda  o altar do lado norte. Mas valeu a pena.
 Quanto a custos, eles não atingiram valores incomportáveis, porque a Comissão de Obras, que levou a bom termo este restauro de que todos se deverão orgulhar,  só teve que suportar os custos do ouro, comprado no Porto aos melhores preços, umas centenas de contos. No entanto, se tivesse que pagar o custo de mão de obra, este andaria por vinte mil euros (quatro mil contos). Quem suporta estes custos é a câmara, “o que é uma ajuda extraordinária”, acrescenta o artista
“Se tivesse de pedir dinheiro” para o restauro, era quase impossível”, reconhece ainda, pois que “as pessoas andam fartas de dar dinheiro”, mas, acrescenta: “valeu a pena o resultado final”
Restará dizer que, a nível de recuperação, foram feitas filmagens, promovidas pela Rota da Luz, durante uma hora e meia, imagens que irão ser editadas. E, se acrescentarmos, o que de justiça é, o arranjo urbanístico em redor do templo, levado acabo pela câmara municipal, então o povo do lugar tem mais que motivos para bem dizer a hora em que foi lançada a ideia da recuperação da velhinha capela, que já teve como patrono o Divino Espírito Santo, representado em rara e bem antiga imagem de madeira policromada.

Armor Mota


Diário de Aveiro


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