Pedro Neto foi nomeado Diretor Executivo da Amnistia Internacional Portugal. Ativista ligado a Organizações Não Governamentais que ao longo dos anos partem em missão para vários pontos do globo, Pedro Neto tem carreira no ensino e está ligado ao desporto como treinador.
Em declarações ao site do Beira-Mar, onde exerce funções de treinador, assumiu a alegria pela nomeação. “Recebi a notícia com muita alegria. Concorreram cerca de 100 pessoas e o processo foi longo com várias fases, entrevistas, trabalhos e testes escritos para apresentar. Fui tentando gerir as minhas próprias expectativas e a forma de lidar com estas semanas foi muito como se prepara e vive um jogo de futebol enquanto treinadores. Ter o privilégio de servir uma organização como a Amnistia Internacional é uma honra enorme. O bom trabalho que desenvolver pode salvar vidas e esse é o foco. Estar ao lado daqueles que mais sofrem, dos que vêm negados os seus direitos mais básicos e fundamentais da vida e estar sempre atento a essas pessoas, para dar tudo o que tenho para que o mundo seja mais humano”.
Na entrevista assumiu que as expetativas estão elevadas. “Em primeiro lugar, bastante vontade e ansiedade para conhecer a equipa com que vou trabalhar e com quem vou aprender muito. A seguir e naturalmente, arregaçar as mangas para o trabalho. Há neste momento muita coisa a acontecer no mundo e que é necessário dar muita atenção. A situação dos refugiados no médio oriente, que estão a bater à porta da nossa Europa. Os refugiados sempre foram o assunto longínquo para nós. Ter de fugir das nossas casas e deixar tudo o que temos e somos, tentar proteger os nossos filhos e não saber como lhes vamos dar a próxima refeição, por causa de uma guerra de que não temos nada que ver, é dramático e a solidariedade que vemos numa equipa de futebol, ou em qualquer desporto coletivo, temos de ver no mundo. Não posso dormir descansado quando no mundo há pessoas, famílias, crianças a viver sem acesso a uma casa de banho, a dormir no chão, sem acesso à saúde. Depois, e muito perto de nós emocionalmente, a situação dos ativistas angolanos que foram presos arbitrariamente em Angola, que para todos os efeitos é uma Democracia, nos seus requisitos mínimos, e onde as pessoas são presas por pensarem e falarem de liberdade sem ofender terceiros. Angola diz-nos muito, por razões históricas, por afinidades familiares e pessoalmente, porque foi onde trabalhei em 2004 num campo de refugiados. As minhas expectativas são poder acrescentar alguma coisa de significativa a estas pessoas. Se conseguirmos acrescentar uma gota de esperança a este mar, como dizia Teresa de Calcutá, o mar não será mais o mesmo”.
(com áudio)
Diário de Aveiro |