A Associação para a Defesa dos Interesses da Gafanha da Nazaré diz que começa a ver “luz ao fundo do túnel” com a conclusão dos estudos para a criação da barreira eólica na zona de movimentação de petcoke no Porto de Aveiro. Depois das críticas dirigidas aos atrasos do Instituto do Ambiente, liderado por Carlos Borrego, há indicações técnicas que permitem fazer avançar o processo.
“Embora com grandes atrasos, que se traduziram em mais uns tempos de agressão à saúde dos habitantes da Gafanha, finalmente viram a luz do dia os Estudos para a colocação, no Cais Comercial, da Barreira Eólica contra ventos dominantes e da Estação de Monitorização da Qualidade do Ar na Envolvente do Porto de Aveiro, em recolha contínua de dados”.
Estes Estudos confirmaram o papel decisivo ao nível dos efeitos de mitigação na propagação de partículas garantindo a melhoria da qualidade do ar em áreas residenciais adjacentes. Segundo informação veiculada pela ADIG, terá sido considerada a colocação duma barreira de proteção, a norte, com 109m de comprimento por 7,8 de altura, coadjuvada por uma barreira a noroeste com 30m de comprimento.
“De notar que esta barreira também diminui as emissões de partículas com ventos Sudeste, que iriam afetar S. Jacinto, protegendo, também estas populações”.
A ADIG diz que há também garantias da Cimpor de execução da Bacia de Contenção de Lixiviados e instalação da Estação de Tratamento, protegendo o ecossistema da Ria, uma Zona de Proteção Especial (ZPE).
“Quanto à Estação de monitorização será colocada na Escola Básica 2.3 da Gafanha da Nazaré e fará a recolha de dados em contínuo, com transmissão em tempo real para um sistema central a instalar no Porto de Aveiro, permitindo, automaticamente, gerar alertas de excedências para os vários parâmetros considerados, permitindo a eventual implementação de medidas de minimização de emissões, caso se confirme a influência das atividades do Porto”.
A ADIG admite que preferia a instalação da estação na Rua São João de Deus, perto do cruzamento com a Rua da Seca, na primeira linha de edifícios habitacionais localizados a sul e sudeste da zona portuária e com uma 2ª estação em S. Jacinto, que serviria de referência, ao mesmo tempo que mediria o grau de poluição nesta Freguesia.
Esta Estação poderá ser instalada já durante o mês de Abril e, dessa forma, fica garantida uma das reclamações da ADIG com a instalação de equipamento que avaliará as concentrações de partículas em suspensão (PM10 e PM2.5), BTEX (Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno, Xileno), Óxidos de azoto (NOx, NO, NO2), Monóxido de carbono (CO) e Dióxido de Enxofre (SO2).
“Foi um conflito longo, de mais de dois anos, mas que valeu a pena, pois irá resultar na melhoria da qualidade do ar na Gafanha da Nazaré e povoações a sul, protegendo a saúde dos seus habitantes”.
Com agradecimento aos que apoiaram a causa e aos mais céticos por estimularem a ação da associação, Humberto Rocha lembra que estas conquistas dão razão ao movimento. “Para os Poderes Públicos só uma simples e curta frase: Ficou provado que tínhamos razão…”
Como sinal de alerta deixa, ainda, uma nota pública sobre as preocupações que subsistem com a movimentações de cargas que deixam rasto nas vias de cintura portuária. A ADIG denuncia, mais uma vez, derrames, nos dias 10 e 15 de Março de 2016, dum produto, de cor branca, de odor intenso, que afeta a respiração, na Rotunda do Forte da Barra e pelas estradas que dão acesso ao Porto de Aveiro.
“Julgamos tratar-se, mais uma vez, de Carbonato disódico, que foi carregado no Cais Comercial. A ação de limpeza que se segue, não invalida que as gentes da Gafanha estejam preocupadas com a sua saúde e que denunciem essas faltas de cuidado dos transportadores, que devem ser rigorosamente fiscalizados”.
croqui: ADIG
Diário de Aveiro |