GRUPO CORAL - ENCERRAR COM CHAVE DE OURO

Uma vez mais, o Grupo Coral de Oiã transpôs fronteiras, para participar no II Encontro Internacional de Coros, promovido pelo Grupo de Cantigas do Castro Baion Pontevedra, lá por terras da Galiza, no dia 1 de Maio p.p. Após a recepção e as boas vindas, a habitual voltinha pelos arredores, por locais que outrora foram o habitat do povo celta e que o povo contemporâneo seu descendente com orgulho recorda e perpetua, e justiça lhe seja feita, que, à semelhança dos seus antepassados, são também guerreiros no bom sentido, sempre de lança em riste, não perdem oportunidade para promover os seus produtos. Pelo entardecer, o ponto alto da viagem, o concerto propriamente dito. Como aperitivo, o instrumental de cordas e o coral juvenil, com duas peças cada. Seguindo-se os sete corais com três peças, assim, nove foram os grupos que subiram ao palco, interpretando, com elevado nível, as peças escolhidas, e com o Grupo Coral de Oiã que não deixou os seus créditos por mãos alheias, a encerrar o concerto com todos os grupos presentes em palco, conjuntamente com o instrumental de cordas a interpretar a bonita e popularíssima “Riancheira”. Agora, com o público, também ele a entrar na peça, todos eram coralistas. Mais de 700 vozes imagine-se, simplesmente bonito e que a virgem de Guadalupe merece ser entoada assim. Foi um encerrar com chave de oiro. Seguiu-se a troca de lembranças, e, pouco tempo depois, o salão gimnodesportivo estava liberto das cadeiras, para dar lugar ao também esperado convívio, onde cada um dá largas à sua alegria e imaginação, e sempre com aquela voz feminina a entoar por tudo quanto era espaço, mas sobretudo, quando orientava as danças, sinceramente, algumas deixavam o português corado e sem jeito. Como, em todas as deslocações, sempre existe algo que nos chama a atenção, a merecer o nosso reparo, de salientar apenas algumas: a superior apresentação do concerto, a cargo de um profissional da rádio galega (D. Nicolas Camino), passando pela eficácia e mestria de todas as pessoas envolvidas na organização, e devidamente identificadas, pelo público entusiasta que não regateia os aplausos, enfim, tudo isto acontece mesmo aqui ao lado, mas mais parece longe… muito longe. O novo dia já madrugada, cansados, mas felizes pela riqueza da experiência, com um até breve nos despedimos, sim, porque a convivência já é quase familiar entre alguns grupos. Com uma breve passagem pelo Hotel Arco Íris e logo pela manhã a viagem de regresso com escala em Melgaço para almoçar. Já nas origens a nostalgia é o sentimento que fica, cá por estas bandas e, em termos de comparação, a música coral é a enteada pobre da cultura que temos, mas os coralistas vão continuar a cantar, com algum sacrifício, é certo, na ilusão de que, num futuro próximo e a exemplo d’outros povos, as pessoas sejam mais sensíveis e aprendam a gostar da música coral para que, devagar, devagarinho, as nossas salas se vão enchendo, sempre que há um concerto. Para finalizar, os agradecimentos a todos quantos tornaram possível esta viagem, especialmente ao Centro Social de Oiã na pessoa do seu presidente. E também o sentimento de então do nosso Afonso Lopes Vieira “penaliza-me que tantos portugueses não saibam cantar”. Poeta que já nesse tempo via os portugueses tristes e sisudos. Portanto, mal que não é só de hoje. Armando Branco (coralista)
Diário de Aveiro


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