O militante do PCP José Neves Amado, um dos primeiros prisioneiros do Tarrafal, morreu ontem com 93 anos em Aveiro, de onde era natural, anunciou a estrutura local dos comunistas.
Considerado pelo PCP "um destacado aveirense entre os que se opuseram ao regime derrubado a 25 de Abril e porventura um dos menos conhecidos", Neves Amado foi agraciado com a comenda da Ordem da Liberdade em 1999, pela sua participação na revolta de 1936, contra o Estado Novo, no seio da Armada.
Enquanto 2º Artilheiro da Armada, Neves Amado participou com outros marinheiros na insurreição de 08 de Setembro de 1936, que envolveu os navios de guerra "Bartolomeu Dias", "Dão" e "Afonso de Albuquerque", o que lhe valeu 14 anos de prisão no Tarrafal, em Cabo Verde.
Só depois do 25 de Abril veio a ser reintegrado na Armada e, a 19 de Abril de 1999, foi-lhe atribuída a comenda da Ordem da Liberdade.
A morte de Neves Amado foi sentida com pesar na estrutura aveirense dos comunistas, de que era militante de longa data, e que espera agora da parte do Município o reconhecimento para com "alguém que engrandece Aveiro", conforme comentou à Lusa António Salavessa, do Comité Central do PCP e da organização regional do partido.
"Teve um percurso de resistente que nos honra, com participação activa na revolta dos marinheiros, e foi dos primeiros a inaugurar o Tarrafal", declarou António Salavessa.
O dirigente comunista salientou também "a maneira de ser discreta e reservada de Neves Amado, ao ponto de não ser suficientemente conhecido na sua própria cidade", pelo que "falta o gesto de reconhecimento do Município".
"É altura de o fazer", disse Salavessa, dando conta de que o PCP já transmitiu informalmente à Câmara essa posição.
O funeral de José Neves Amado realiza-se hoje em Aveiro
Diário de Aveiro |
|
|
|