Tibério Paradela considera que Portugal nem sempre reconhece a sua história e que há outros povos que prestam tributo sentido por aquilo que os portugueses deram ao mundo. O antigo capitão, com experiência em diferentes áreas marítimas, recorda a passagem por África para lembrar que na cidade do Cabo foi surpreendido pelas marcas da presença portuguesa num Museu Marítimo cheio de referências aos navegadores portugueses.
“Está lá a réplica do padrão português em Cape Town. Pensei para mim, estes indivíduos têm mais respeito pela história de Portugal que muitos museus marítimos do meu país e tive pena. Aí rebentaram-me as lágrimas. Não faço isto por patriotismo. Por muito que não queiramos há sempre esta centelha de orgulho por aquilo que os nossos fizeram por esse mundo fora”.
Tibério Paradela dedicou a sua vida ao mar. Trabalhou na pesca do bacalhau, na cabotagem na costa de Moçambique, foi comandante de cargueiro, piloto da barra no Porto da Beira (Moçambique), Superintendente duma Companhia de Estiva no Porto da Beira (Moçambique), comandante de navios mercantes nas linhas do Norte da Europa, Mediterrâneo e Norte de África, Ilhas, Moçambique, Angola, África do Sul, Golfo da Guiné e terminou a carreira profissional no Lobito (Angola) na indústria petrolífera.
O autor da obra “Neste Mar é Sempre Inverno” retrata uma viagem à pesca do bacalhau. E lembra que o adeus era sempre um momento marcante até perder de vista o contacto com a linha de costa. Realidade retratada num soneto (com áudio).
Diário de Aveiro |