O presidente do Gafanha diz que nunca viveu uma época como a que está a passar e lamenta ter de refazer o plantel em três semanas depois da saída do treinador Carlos Miguel que levou a que 7 jogadores saíssem solidários com o antigo treinador. Dinis Gandarinho salienta que o único aspeto positivo foi dar nova identidade ao balneário, identificar mais a equipa com a matriz do Gafanha e promover jogadores da formação.
Lembra que a mudança de treinador acabou por ser precipitada quando confrontado com imposições da equipa técnica e parte do balneário contra a presença de um atleta (Elisson Baiano), entretanto dispensado mas que tem ligações familiares com o patrocinador e que acabou no centro de uma polémica com o empresário que financia várias equipas do clube a ameaça acabar com esses patrocínios (com áudio).
Treinador e atletas reagiram mal à manutenção de Elisson Baiano no plantel e recusavam a treinar criando um braço de ferro que os dirigentes não toleraram. Na origem do problema, alegados comentários do jogador sobre a falta de utilização e que o balneário do Gafanha não perdoou. Dinis Gandarinho diz que só mesmo "o murro na mesa" para acabar com o problema.
“Aquela atitude de abandonarem 7 jogadores nunca me tinha acontecido no futebol. Isso virou-me farrapo. Quando jogadores me dizem ´estamos aqui pelo treinador e não pelo Gafanha porque o Gafanha não nos diz nada`, isso desgastou-me. Chegámos a um ponto em que sentíamos que estávamos lá só para pagar os subsídios aos atletas, sem poder algum”.
Magoado pela forma como a questão se colocou, o presidente diz que antes do jogo de Anadia assumiu que aquele encontro seria o último sob o comando de Carlos Miguel, treinador a quem deixou elogios pelas conquistas. “Fica na história pela promoção e pela manutenção. Mas hoje aconselho aos mais novos que o melhor é não se deixarem acomodar. Manter um treinador mais de dois anos é um risco. O primeiro ano é para preparar e conhecer e o segundo para atingir metas.
Em três semanas o dirigente revela que a direção conseguiu recompor o plantel com reforços oriundos de vários clubes. “Fomos buscar o Maurício (Vizela), Wando (Grijó), o guarda-redes Armando (Sobrado), Napoleão (Candal), Roberto (Oliveira do Bairro), Pedro Santos (Feirense), Samuel (haitiano) e Pape (Academia do Carlos André) mas a minha maior alegria são os juniores chamados. Um deles foi titular e não ficou a dever nada aos habituais titulares. Este Breda, este JP, o Serginho e o Leandro andam com alegria. Nestes é que o Gafanha tem que pensar seriamente em fazer uma aposta”.
Interessado no apaziguamento, o presidente revela que tem princípio de acordo para a rescisão com o ex-técnico (falta colocar esses termos em forma de contrato) e assume que o novo técnico (Nuno Pedro) teve de cuidar da equipa e ao mesmo tempo puxar pelo ânimo do próprio presidente do clube.
Manter a equipa no Campeonato de Portugal e pensar na estabilização continuam a ser as metas previstas para este ano. E o cenário de eleições antecipadas está afastado. Dinis Gandarinho não revela se voltará a apresentar-se às urnas. “Não sei se me vou recandidatar. A minha preocupação foi ultrapassar a saída de 9 jogadores. Fomos buscar 8, promovemos juniores e estamos tranquilos. Vamos tentar ser melhores que os adversários e manter este nível. É importante porque aparecem empresários que querem projetar jogadores e este patamar é o melhor”.
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