É o método mais utilizado pelo mundo científico para avaliar a produtividade e o impacto do trabalho dos cientistas. Dá pelo nome de h-index e foi proposto em 2005 por Jorge Hirsch, professor da Universidade da Califórnia. Mas até que ponto é justo o índice que fornece uma estimativa combinada da quantidade e qualidade da produção científica de um investigador? José Fernando Mendes e Sergey Dorogovtsev garantem que o h-index é imperfeito e injusto. Os investigadores do Departamento de Física da Universidade de Aveiro (UA) propõem, em alternativa, um novo método de avaliação, o Scientific Output-Index (o-index). Publicada esta semana pela revista Nature Physics, a proposta incide sobre os resultados mais relevantes de um investigador.
“Atualmente o famoso h-index de Hirsch é totalmente aceite para medir o mérito de um investigador e, sendo apresentado pelos candidatos para qualquer posição académica a concurso, é um dos principais números tidos em conta pelas comissões de avaliação”, aponta José Fernando Mendes que, juntamente com Sergey Dorogovtsev, levanta a questão: “O quão boa é esta métrica?”.
Para responder à pergunta, os investigadores da UA exploraram as estatísticas de citações extraídas do Web of Science. E o resultado espantou a dupla. “Ficamos surpresos ao descobrir que o h-index não é meramente imperfeito, mas este realmente favorece injustamente os cientistas com longas listas de publicações citadas, não necessariamente altamente citadas, e penaliza os cientistas mais considerados pelos pares e com um grande número médio de citações por artigo”, aponta José Fernando Mendes.
Notavelmente, garante o também Vice-Reitor da UA para a área da Investigação, “o h-index ignora completamente o valor associado ao conjunto de artigos mais citados de um investigador”, uma referência imprescindível para determinar o respetivo mérito no trabalho científico. “Esta grande falha torna esta métrica irracional”, refere o responsável.
Para contrariar o que dizem ser uma injustiça do comumente usado h-index, os investigadores da UA, em artigo publicado pela Nature Physics, uma das mais importantes publicações científicas do mundo, propõem uma forma alternativa de medida do mérito em ciência que incide sobre os resultados mais relevantes de um investigador.
“Esta métrica natural, de fácil implementação, o o-index, é a média geométrica do número de citações do artigo mais citado de um cientista e o seu h-index”, desvenda José Fernando Mendes. Ao utilizarem o h-index os dois autores descobriram, por exemplo, que muitos cientistas proeminentes, incluindo os cientistas Andre Geim e Konstantin Novoselov, galardoados com o Prémio Nobel da Física em 2010, e que não sobressaem quando analisados com a métrica Jorge Hirsch, aparecem entre os melhores físicos de acordo com o índice proposto, “tal como devia ser”.
José Fernando Mendes e Sergey Dorogovtsev acreditam que “a simplicidade e elegância do o-índice vai facilitar a sua implementação como uma medida do sucesso em ciência”.
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