Carlos Fernandes, professor catedrático de Psicologia da Universidade de Aveiro, diz que a saúde mental é “parente pobre” na saúde e considera que a crise económica veio agravar a situação. No Dia Mundial da Saúde Mental, em texto publicado no site da UA, o professor Carlos Fernandes deixou a crítica. "Quando a ideologia oculta é de natureza puramente economicista, a saúde mental deixa de ter qualquer interesse".
Não obstante todas as iniciativas nacionais e internacionais, públicas e privadas, associadas a mudanças legislativas para proteger o cidadão com perturbações do foro psicológico e promover a saúde mental, esta continua a ser um parente pobre da “saúde”.
“As políticas de saúde pública são influenciadas por mudanças de paradigmas que em muitos casos não passam de ideologias sociopolíticas mascaradas com discursos aparentemente científicos, ultrapassando muitas vezes os limites do razoável. Outras vezes perde-se o bom senso a favor do senso comum. Quando a ideologia oculta é de natureza puramente economicista, sem preocupações de natureza social, a saúde mental deixa de ter qualquer interesse, dado que as intervenções psicológicas apoiadas pela evidência científica e pelas práticas empiricamente validadas são desvalorizadas porque não são produtos visíveis no mercado (apesar dos excelentes indicadores de custo-efetividade)”.
O investigador falou dos custos da saúde mental considerando que só com saúde será possível aumentos de produtividade e desenvolvimento. “Neste dia 10 de Outubro deveria debater-se a saúde mental em termos científicos e com bom senso. Não sobrecarreguem as famílias dos doentes mentais sem recursos sociais efetivos. Com saúde mental haverá maior produtividade e desenvolvimento económico e social”.
Diário de Aveiro |