Num comício em Santa Maria da Feira, Catarina Martins acusou Passos Coelho de "desenterrar a proposta da TSU derrotada nas ruas em 2012" e estranhou que António Costa tenha "perdido um dia de campanha a atacar o Bloco de Esquerda".
A porta-voz do Bloco apelou à memória de quem participou nas manifestações do 15 de Setembro de 2012 e assim derrotou as mudanças na Taxa Social Única, depois de Passos Coelho ter “desenterrado a mesma medida” esta semana numa entrevista. Para Catarina Martins, quem saiu à rua para derrotar a “proposta aviltante de abdicar de um mês de salário para o entregar ao patrão” terá de sair de casa no próximo domingo e votar para derrotar de novo essa proposta. A propósito das notícias sobre a manipulação dos números do défice de 2012, a porta-voz do Bloco registou ainda o incómodo de Passos Coelho quando se fala na Parvalorem, a empresa liderada “pelo amigo que trouxe da Tecnoforma" e que tem por missão gerir os prejuízos do BPN. Para Catarina Martins, ficou claro que Maria Luís Albuquerque mandou “alterar contas que já estavam fechadas e auditadas”, tratando “uma empresa pública como se fosse o seu quintal”.
Catarina Martins confessou “alguma estranheza” por ver que “António Costa decidiu dedicar o dia a atacar o Bloco de Esquerda”. E lembrou que o líder do PS ainda não respondeu se está disponível para abandonar a proposta de cortar na TSU, que no entender do Bloco equivale a "descapitalizar hoje a Segurança Social e ter pensões mais baixas no futuro, por isso não resolve nenhum dos problemas que temos”. “O Bloco não está nesta campanha para atacar o PS. Está nesta campanha para procurar soluções que rompam com a austeridade e o que era mesmo bom era que o PS dissesse qualquer coisa de esquerda”, prosseguiu a porta-voz do Bloco.
No início da intervenção, Catarina quis homenagear “as mulheres e homens que fazem as lutas pela dignidade no trabalho”, ao lembrar que foi só em junho deste ano que finalmente se conseguiu a igualdade salarial entre homens e mulheres no setor da cortiça, após “tantos anos de luta, tanta humilhação das mulheres na cortiça, tanta subserviência dos vários poderes políticos aos Amorins desta vida”.
O cabeça de lista do Bloco por Aveiro afirmou a sua confiança num reforço eleitoral do Bloco com mais votos a elegerem mais Deputados. Moisés Ferreira responsabilizou o candidato do PSD/CDS, Luís Montenegro, por ter liderado a “maioria de chumbo” dos últimos quatro anos, que cortou apoios sociais aos desempregados, aumentou impostos, promoveu a pobreza e a emigração. E também não poupou Paulo Portas, o antigo candidato do CDS pelo distrito. “Diz que encontraram a casa a arder e desatou a arrumá-la, mas nós sabemos que o incêndio continuou a lavrar na vida das pessoas”, prosseguiu Moisés Ferreira, falando no “incêndio da dívida pública”, que tem justificado os cortes na Saúde e Educação.
“O que vamos fazer nas urnas é um ajuste de contas” com todos os que viram salário e direitos cortados, acrescentou o candidato do Bloco por Aveiro. Sobre os apelos ao voto útil por parte do presidente do PS, que afirmou que votar à esquerda do seu partido era ajudar a direita, Moisés Ferreira pediu que alguém avisasse Carlos César que quem tem dado a mão à direita em todas as questões fundamentais para o país não é o Bloco, é o PS”. “O PS é que tem sido útil à direita”, defendeu o candidato bloquista, lembrando a facilitação dos despedimentos prevista no programa do PS.
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