BIORACE CHALLENGE – CORRIDA DE OBSTÁCULOS EM ESTARREJA. A CORRIDA QUE VIVE A NATUREZA VEIO PARA FICAR.

Enlameados, molhados, cansados, mas muito satisfeitos. 550 atletas participaram na primeira edição da BioRace Challenge – Corrida de Obstáculos que decorreu no Baixo Vouga Lagunar no último sábado. “Um êxito estrondoso”, afirmou com grande agrado o Vice-presidente da Câmara Municipal de Estarreja, Adolfo Vidal, no final do evento.

Inserida num ecossistema único, recortado por braços da Ria de Aveiro, esta corrida de 10 kms com obstáculos desafiou cinco centenas de participantes, de vários pontos do país, ao longo de um percurso preparado exclusivamente para a prova que teve o seu início em Salreu, passando pelos percursos do BioRia do Bocage e do Rio Jardim, pelo Parque Álvaro Nora, na Freguesia de Canelas, e pela parte norte do percurso de Fermelã.

Os obstáculos tornaram a corrida não só mais desafiante como bem mais divertida. Entre saltos e quedas à água, elevações de corda e subidas de rede, correr na lama, transportar troncos e sacos de areia, transpor fardos de palha e vedações de madeira ou atravessar troncos de madeira sobre a água, os participantes encontraram uma diversidade de desafios pela frente.

Vindo de Aveiro, o participante Carlos Caria saiu “satisfeitíssimo” da BioRace. “Um evento muito bem organizado, os desafios são interessantes para a gente se divertir e acho que é o que interessa. Gostei do que vi e acho que devem repetir e desenvolver ainda mais a BioRace e aproveitar este espaço. A natureza é o que diferencia a prova, é diferente de todas as outras provas, pelo seu percurso natural que é uma maravilha aqui da zona de Aveiro”, comentou.

A jogar em casa, José Moutela integrou a equipa mais numerosa em prova com 38 participantes, da Escola de Samba “Os Morenos”. “Foi muito engraçado, não fazia ideia que seria assim, foi muito giro.” A diversão foi uma constante e andar na lama foi a barreira mais difícil de ultrapassar. “Quase que ficava lá”, brincou. Os Percursos BioRia são o local ideal para uma prova deste tipo. “Toda a gente que cá vem fica fascinada com isto”, acrescentou José Moutela. Para o ano a participação na BioRace está garantida. “Vale a pena repetir e vou repetir”, garantiu.

Rodrigo Resende, cuja equipa ficou em terceiro lugar, também deu nota positiva ao evento. “Foi a primeira vez e gostei muito”. A beleza e local surpreenderam este participante vindo de Ovar. “A natureza é o ideal, tendo um espaço destes e podendo aproveitar é ótimo. Para o ano já temos a equipa inscrita outra vez”.

Atento às opiniões dos participantes, Adolfo Vidal não escondeu o contentamento pelo sucesso atingido nesta primeira edição da BioRace. “Superou as nossas expectativas. Esta é uma prova de cariz diferente do que estamos habituados a ver e participar, só depois de ouvir as pessoas teríamos a certeza sobre a  sua qualidade e a opinião é unânime. Toda a gente gostou, foi uma excelente jornada de promoção do BioRia, de Estarreja. Estamos todos de parabéns”.

A organização é da responsabilidade da Câmara Municipal, tendo contado com o apoio essencial de entidades como os Bombeiros Voluntários de Estarreja. “A Câmara Municipal de Estarreja empenhou-se fortemente neste projeto, que contou com a colaboração dos Bombeiros Voluntários de Estarreja e das Juntas de Freguesia de Salreu e de Canelas e Fermelã”. O responsável destacou ainda o “empenho transversal dos serviços da Câmara”,resultando numa organização “com qualidade superior e custo razoável”.

O evento constitui por outro lado “um fator muito importante de promoção” do BioRia, aliando a valorização e a defesa do património natural do concelho à prática desportiva, sendo de salientar que os oito Percursos BioRia têm excelentes condições para o exercício físico. A Câmara Municipal considera importante prosseguir com esta aposta.“Faremos uma nova edição para o ano, sabemos que vamos ter muito mais gente, o que quer dizer que a responsabilidade será muito maior”, garantiu Adolfo Vidal.

A reutilização de materiais para a criação de vários obstáculos é uma das características referidas pelo coordenador da BioRace, que faz desta uma prova amiga do ambiente. Norberto Monteiro deu alguns exemplos.“As redes e cordas utilizadas em vários obstáculos foram oferecidas pela empresa Pescas Pascoal e estavam no lixo. Os pneus foram recolhidos de lixeiras e vão agora ser entregues para valorização. A tela utilizada na descida/escorrega proveio do aproveitamento do piso de um pavilhão e os troncos provenientes de pinheiros ardidos no incêndio que ocorreu na área do Eco Parque Empresarial”.

Outro aspeto interessante foi o recurso a manilhas e tubos que fazem parte da realidade do Baixo Vouga Lagunar e da Ria de Aveiro e são utilizadas pelo homem para controlar a dinâmica das águas doce e salgada, bem como os sacos de areia que são utilizados pela proteção civil na proteção contra cheias e inundações. E as fitas de sinalização utilizadas nesta edição já estão guardadas para a próxima BioRace. Em simultâneo, foram realizadas várias ações de controlo e espécies infestantes, nomeadamente de acácias e de eucaliptos que colocam em risco a integridade das linhas de água e da própria biodiversidade local, e ações de limpeza de vegetação, designadamente várias valas que estavam obstruídas com troncos e rama.

Ouve alguns aspetos a acautelar de forma a não criar impactos negativos no ecossistema. Norberto Monteiro explica que “como é lógico 550 pessoas num espaço causam também impacto e por isso houve divisão por grupos de 50 a 60 participantes”, cuja partida ia sendo feita de forma sequencial com intervalos de 15 minutos. A realização da BioRace em setembro “não interfere com a época de reprodução e com a própria atividade agrícola”, esclarece. 

 

 

Texto: Carla Miranda (CME)

 

 


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