INVESTIGADORAS DA UA PREMIADAS POR ESTUDO DO DIAGNÓSTICO E PREVISÃO DE PATOLOGIAS DA GRÁVIDA, FETO E RECÉM-NASCIDO.

Sílvia Oliveira foi distinguida com o Prémio António Xavier 2015 pelo estudo do diagnóstico e previsão de patologias da grávida, feto e recém-nascido, através da análise da urina materna e do bebé, o qual representa um passo importante para a melhoria dos sistemas clínicos de acompanhamento, evitando o recurso a métodos invasivos e potenciando a previsão de algumas patologias.

Atribuído pela empresa alemã Bruker, em homenagem ao cientista português e fundador do Instituto de Tecnologia Química e Biológica, o prémio entregue ex-aequo a trabalhos de Sílvia Oliveira e Cláudia Rocha, investigadoras da Universidade de Aveiro (UA), tem por objetivo distinguir teses de doutoramento que se evidenciem nos domínios da Ressonância Magnética Nuclear, Imagem por Ressonância Magnética ou Ressonância Paramagnética Eletrónica.

Para a investigadora de Estarreja, o prémio “é um grande reconhecimento ao meu trabalho e dedicação” que desenvolveu ao longo de seis anos, entre 2008 e 2014. “Receber esta distinção é muito bom, é o culminar do reconhecimento do valor e qualidade do nosso trabalho.”

 A tese premiada intitulada “Doenças da gravidez e do bebé estudadas por metabolómica de urina” explorou as formas de diagnóstico e previsão de patologias da grávida, feto e recém-nascido. Poderão ser identificadas “malformações fetais e cromossomopatias, em particular a trissomia 21, de forma não-invasiva através de urina materna, isto é, em alternativa à amniocentese”, explica Sílvia Oliveira.

Este método, elucida, permite ainda a “previsão de doenças da gravidez como diabetes gestacional, parto pré-termo, restrição do crescimento intrauterino e pré-eclampsia, através de urina materna; e a identificação do impacto de tipo de parto (cesariana vs parto normal), prematuridade, grandes para a idade gestacional (i.e. alterações do crescimento intrauterino), depressão respiratória à nascença (com necessidade de reanimação), doença materna psiquiátrica (i.e. depressão) e diabetes gestacional materna na saúde do bebé.”

Ao demonstrar o potencial da metabolómica de urina como método não-invasivo para o acompanhamento pré-natal e do bebé, esta investigação contribui para melhorar a qualidade de vida do bebé e da mãe pela “deteção não-invasiva das doenças, diminuindo o risco associado à realização da amniocentese” e pela “deteção precoce das doenças (antes do aparecimento de sinais clínicos da doença), visando uma potencial intervenção atempada e preventiva.”

Durante o trabalho orientado por Ana Gil, docente no Departamento de Química e do CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro da UA, e por António Barros, Investigador da Unidade de Investigação QOPNA, foram analisadas amostras de urina de grávidas, recolhidas durante a gestação, e dos bebés, recolhidas nos primeiros dias de vida, através de espectroscopia de ressonância magnética nuclear.

Sílvia Oliveira nasceu em 1985, em Maracay, Venezuela. A sua família mudou-se para Estarreja no ano de 1996 e Veiros foi a terra que a acolheu e onde vive. Fez os estudos secundários em Estarreja, licenciou-se em Engenharia Biomédica, na Universidade de Coimbra, e doutorou-se em Química, na Universidade de Aveiro.

Atualmente está a desenvolver um novo projeto na Maquinol, empresa sediada em Estarreja que projeta e constrói máquinas para a produção de espumas, que são vendidas para todo o mundo.


Diário de Aveiro


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