A Assembleia Municipal de Aveiro aprovou a concessão de transportes e a venda da participação da autarquia no capital da ERSUC em reunião extraordinária marcada pelas críticas dos partidos da oposição. As bancadas de PS, BE e CDU não pouparam nas críticas às operações que estão desenhadas para aliviar os cofres da autarquia ou garantir receita.
Na concessão dos transportes houve votos favoráveis da maioria e abstenção do movimento “Juntos por Aveiro”. BE, PS e CDU votaram contra. Quanto à venda da participação na ERSUC, a oposição votou em bloco contra.
O debate sobre transportes centrou atenções. António Neto (BE) lamentou a colocação do serviço público nas mãos de privados. “O critério é de garantir lucro ao operador privado que em cima disto leva indemnizações compensatórias. Na faz sentido que a política de estacionamento não esteja em consonância com a política de transportes. Uma palavra aos trabalhadores que ao longo dos anos defenderam o serviço público. Têm fundadas preocupações sobre o seu futuro”.
Filipe Guerra (PCP) fala de um trajeto de degradação da Move Aveiro com gestores nomeados pelos partidos da maioria. “Quem assume a gestão de uma empresa durante anos, com colocação de boys, chega ao tempo de fazer um feroz ataque ao que foi a empresa. Isto é um debate mirabolante. Tendo em conta o que foi a proposta de extinção da empresa cumpre recordar que a situação dos trabalhadores não sai beneficiada”.
Jorge Nascimento (Juntos por Aveiro) diz que o horizonte da concessão deveria merecer uma análise mais profunda. “Gostaríamos que a Câmara visse a rede segundo necessidades de futuro e vê as atuais. Para um contrato de 20 anos é escasso. A Câmara deveria ter feito um estudo prospetivo. Em que medida é que os transportes contribuem para o desenvolvimento?”
Francisco Picado (PS) revelou-se um critico da opção pela concessão e lamenta que não exista uma aposta na rede intermunicipal. “Importante perceber em que é que esta solução se baseia. Ouve-se falar em planos municipal e intermunicipal de transportes. Temos que perceber como se integra esta solução numa coisa ou noutra. Porque não trabalhamos uma solução conjunta num plano para a gestão de um território que precisa de escala?”.
Ernesto Barros (PP) defendeu a posição da maioria ao considerar que a concessão é a melhor solução. “Finalmente vamos concluir este processo que há muitos anos se arrasta na cidade de Aveiro. A melhor solução está tomada. O regulamento é o adequado. As condições salvaguardam a posição da autarquia. Felicito também a conclusão do Centro Coordenador de transportes. Uma casa nova custaria mais de dois milhões. Que alguém ponha aquela casa a funcionar”.
O presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, diz que no caso dos transportes era chegada a hora de acabar com os prejuízos. “Não resolvemos o problema da empresa com meio milhão. Precisaríamos em 3 anos de 7 ou 8 milhões. Não os temos. Chega de massacrar os Munícipes de Aveiro a aturar os prejuízos inadmissíveis desta empresa”.
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