Paul O’Brien, professor da Escola de Química da Universidade de Manchester, uma das mais importantes do mundo e da qual foi diretor entre 2004 e 2009, e um dos mais eminentes químicos europeus na área dos materiais, admite que a Universidade de Aveiro onde hoje recebeu o Doutoramento Honoris Causa é um espaço inovador que marcou a sua vida e onde espera continuar a acompanhar a ação dos seus investigadores.
“Esta é uma universidade de sucesso e pioneira a nível nacional e internacional. Criou uma nova cultura, temos novas instalações. Estou contente por ter um pequeno contributo neste sucesso”. O académico sentiu-se em casa e até gracejou com o tempo para dizer que não era necessário um acolhimento chuvoso tão próximo do das ilhas britânicas onde tem desenvolvido parte da sua carreira.
Fellow of the Royal Society, a mais importante distinção que um cientista pode receber no Reino Unido, e membro da Academia Europeia de Ciências, Paul O’Brien foi distinguido pela academia de Aveiro proposto por investigadores de Aveiro como João Rocha e Tito Trindade para além do “padrinho” Júlio Pedrosa, seu antigo colega no doutoramento feito em Inglaterra.
Com uma forte ligação e longa ligação profissional e afetiva ao Departamento de Química (DQ) da UA, Paul O´Brien foi um dos primeiros colaboradores de Júlio Pedrosa, químico e antigo Reitor da academia de Aveiro, orientador de doutoramento do docente Tito Trindade e co-orientador de Teresa Santos, ambos docentes daquele departamento. Da ligação à UA, destaque ainda para o facto de O´Brien ter integrado os Internacional Advisory Board da antiga unidade de Química Inorgânica e de Materiais e integrar, atualmente, o mesmo grupo de conselheiros do CICECO - Aveiro Institute of Materials.
“Hoje estamos neste magnífico edifício mas a UA mantém os dois originais. Era ladeado por campos e galinhas. Era uma jovem e entusiasta família. O campus mudou mas fico contente por manterem o Refúgio”, disse o académico numa referência a um dos estabelecimentos históricos nos meios académicos de Aveiro onde passava o “tempo em longas conversas”.
Autor de mais de 500 artigos em revistas do Science Citation Index, galardoado com inúmeros prémios em reconhecimento da sua atividade científica, Paul O’Brien é também um empreendedor de enorme sucesso tendo criado em 2001 a empresa Nanoco que visa a produção de nanomateriais a pensar, principalmente, na indústria electrónica.
Esta empresa recebeu mais de 4 milhões de libras de capital de risco, gerando anualmente 1 milhão de libras de lucro e empregando 22 trabalhadores. O valor de mercado da Nanoco é de quase 100 milhões de libras.
Júlio Pedrosa distinguiu o novo Honoris Causa como um amigo da UA e cientista brilhante. “Em resumo estamos perante uma singular personalidade, um cientista, líder universitário com gosto pela química, ciência de materiais, gosto pela divulgação científica, engenharia e pela valorização económica e social do saber. A UA fica mais rica com este professor entre os seus doutores. Não se trata apenas de excelente cientista mas pessoa humana de qualidade excecional”.
O’Brien é presidente da British Association for the Advancement of Science, tendo algum do seu trabalho patente no Manchester Museum of Science and Industry, instituição de que é consultor. O cientista é ainda “uma pessoa muito solidária tendo, por exemplo, desenvolvido um programa financiado pela Royal Society para promover a investigação em Química Inorgânica na Universidade de Zululand na África do Sul”.
O Reitor da Universidade de Aveiro não esconde a satisfação pela escolha e pela aposta feita pela ligação que se foi mantendo ao longo dos anos. Há pessoas que acompanharam a história da UA e alguns infelizmente já morreram. Homenageámos Veiga Simão que foi do grupo dos quatro primeiros Honoris Causa. Em 41 anos há pessoas mais novas e mais velhas. Não damos Honoris Causa a todos que merecem. É um processo que parte da iniciativa de alguém”.
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