Realizou-se na passada sexta-feira no Órfeão de Ovar um debate sobre a nacionalização da Banca em Portugal.
Os oradores presentes, Carlos Carvalhas, conhecido economista dirigente do PCP, e Miguel Viegas, Deputado do PCP no Parlamento Europeu, iniciaram a sessão aludindo ao facto de se comemorar neste mês de Março os 40 anos da nacionalização da Banca em Portugal.
Carlos Carvalhas sublinhou, entre outros, que o facto de a Banca estar em mãos privadas, "fazia com que uma parte importantíssima das alavancas económicas do país estivessem dependentes dos donos da Banca e não da estratégia de desenvolvimento que o país quisesse adoptar". Evidenciou ainda como a crise "foi um processo de concentração da riqueza para a qual contribuíram grandemente as medidas de austeridade que PS, PSD e CDS foram tomando ao longo da última década e como a questão do endividamento do país era hoje central na política económica e, por isso, indissociável da questão da propriedade da Banca".
Miguel Viegas, por seu turno, evidenciou como "os instrumentos e linhas doutrinárias da União Europeia, em particular do Banco Central Europeu, representavam um autêntico colete de forças ao desenvolvimento nacional, levando a que o nosso país se visse com crescentes dificuldades para desenvolver a economia e, em particular, ter uma política de salários convergente com os restantes membros da UE ou de aposta no aparelho produtivo".
Seguiu-se um período de debate com perguntas, respostas e comentários entre audiência e intervenientes, de onde foi possível reter que a nacionalização da Banca "não apenas é necessária como, ela é hoje possível e está dependente apenas da existência de um Governo que tenha a coragem política para a concretizar uma vez que, mesmo no quadro dos constrangimentos da União Europeia, os instrumentos legais e económicos para tal estão ao dispor dos países que o entendam fazer e, assim, romper com estas políticas de empobrecimento e exploração que conduzem o País ao declínio em que hoje se encontra".
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