O Coletivo de Intervenção na Defesa dos Interesses dos Habitantes da Coutada acusa entidades públicas, judiciais e jornalistas de não darem a devida atenção ao processo do Parque da Ciência e Inovação. A via de acesso está quase concluída e pronta para inauguração e os moradores lamentam que perante um quadro em que o tribunal Administrativo admite ilegalidades no processo ninguém assuma uma investigação aprofundada. João Paulo Pedrosa, o rosto da contestação ao PCI, diz que já não há crença no sistema.
“Chamaram-me há pouco para uma queixa feita há um ano. Disseram-me que havia outras coisas para fazer. Quem é que diz quais são as prioridades? Ninguém vem ao terreno. Fiz uma queixa no livro de reclamações do Ministério Público e ninguém me respondeu. Desistimos de acreditar no sistema”.
O antigo dirigente da Quercus relembra o recente episódio sobre o licenciamento de transporte de petcoke no porto de Aveiro para considerar que só com uma investigação exaustiva do processo seria possível relançar a discussão.
O CIDIHC diz que as entidades com poderes para impedir a destruição de terrenos agrícolas da Coutada não atuam. “A Câmara Municipal não só licencia a obra de forma ilegal como também não a controla; A CCDR-C não fiscaliza; A GNR não atua; O Ministério Público não investiga as queixas e a comunicação social faz orelhas moucas”.
António Neves fala em desilusão mas acredita que ainda é possível travar o avanço do PCI. “Temos que ser nós a fazer algo. Tomar a palavra e denunciar. Pode ser que o sistema se envergonhe. Continuamos a acreditar que o Tribunal faça alguma coisa. Estamos à espera de uma resposta. Esperamos que haja justiça neste país”.
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