PROTECÇÃO CIVIL DA VIRTUALIDADE À REALIDADE

Oliveira do Bairro Protecção Civil da virtualidade à realidade Pedro Fontes da Costa Fernando Silva, vereador do ambiente da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, é o “operacional” no terreno da Protecção Civil (PC) concelhia de Oliveira do Bairro, no entanto, a responsabilidade máxima, segundo a legislação, passa pelo presidente da autarquia, Acílio Gala. Fernando Silva que tem acompanhado de perto as últimas intempéries, explica, em entrevista ao JB, quais são as dificuldades com que se debate a PC e, ao mesmo tempo, justifica que este organismo é tudo, menos virtual. “Copiar dos países mais avançados” Jornal da Bairrada - O que é a Protecção Civil a nível concelhio? Fernando Silva – E a nível nacional? Temos que começar efectivamente por aí, porque a PC a nível nacional, é algo que se está a tentar copiar dos países mais avançados, onde efectivamente há uma experiência de lidar com situações anormais, resultantes de situações fora do normal, como alterações atmosféricas e acidentes. Em termos gerais, a PC deve-se preocupar com situações que possam pôr em risco pessoas e bens, como resultado de acções inesperadas, sejam catástrofes naturais ou como resultado da acção do homem, ou mesmo acidentes. Não será mais fácil afirmar que a PC são os bombeiros? Os Bombeiros são um dos instrumentos da PC. Nós estamos habituados a chamar os bombeiros e a GNR para tudo em Portugal, o que significa que não temos uma cultura em Portugal de estruturas de apoio ao cidadão que a PC deveria ter. Mas no futuro terá que fazer uma inventariação de quais são as zonas de risco. Vimos recentemente o resultado de situações atmosféricas fora do normal. É efectivamente uma das componentes da análise de risco que qualquer organização – que não existe em Portugal a sério – de PC deveria fazer. “Os bombeiros têm feito um grande esforço” Mas há algum levantamento feito no concelho em termos de zonas de risco? Existe no caso concreto das empresas, que são obrigadas a ter um plano de segurança e higiene no trabalho. Há normas que estão a ser seguidas e que, durante o II Quadro Comunitário, foram disponibilizados apoios para que invistam nessas áreas. Não temos uma cultura e um hábito dentro do nosso país de prever as situações logo à partida e prever os riscos. É por aqui que se tem que começar. Esta é uma componente fundamental e os bombeiros têm feito um grande esforço em colaborar com as empresas. As vistorias que são exigidas pela câmara municipal e que são efectuadas pela câmara, bombeiros e centro de saúde são, no fundo, o início dessa cultura de análise de risco que têm de ser feita em qualquer estabelecimento ou unidade comercial e industrial que esteja aberta ao público. Boa vontade A PC não será um organismo, meramente virtual? Se a PC de Oliveira do Bairro é virtual, também o é nos outros 307 municípios do pais. No caso concreto de Oliveira do Bairro, os meios são só humanos? Penso que já é um bom princípio. É uma PC que por poucos meios que tenha está interligada e está a coordenar. Efectivamente isso têm-se notado em algumas situações que foi obrigada a intervir. A boa vontade dos elementos que a constituem é inegável? Sim. Depende muito da boa vontade dos elementos que a constituem, seja dos bombeiros ou mesmo dos elementos da Câmara Municipal. Na recente vaga de frio que atravessou o país a que o concelho de Oliveira do Bairro não ficou alheio, porque é que a PC não respondeu a tempo e horas com a colocação de sinalética que evitaria dezenas de acidentes originados por causa do gelo? Os sinais não são feitos de um dia para o outro. Mas é necessário ver que mesmo assim existem sinais de gelo em Oliveira do Bairro, ao contrários dos concelhos limítrofes que não os têm. Temos que analisar que esta não era uma situação normal. A vaga de frio de valores negativos que atravessámos não era esperada na nossa zona. Mas tivemos em conta todas essas situações. Isto não serve para desculpar a PC de Oliveira do Bairro, mas serve para demonstrar que a PC, neste caso, fez mais do que foi feito em outros concelhos. Qualquer um de nós passa por lá e vê essa situação. Mas os meios materiais não existem... Agregados à PC, não. No entanto, temos utilizados vários meios da câmara, sempre sem olharmos a meios. Dou o exemplo da ponte sobre o Rio Levira, junto à Recer, em que a PC resolveu o problema, sem que a autarquia olhasse a despesas. O importante é resolver de imediato este tipo de problemas quando surgem. A PC tem verbas próprias? Não tem, porque é uma organização nova. (27 Jan / 14:04)
Diário de Aveiro


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