PROVAS DE MESTRADO NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA |
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Bustos
Provas de Mestrado na Universidade de Coimbra
Concluiu, no passado dia 4 de Dezembro, com classificação máxima (Muito Bom), o curso de Mestrado em Biologia Vegetal do Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra, a professora e cientista Elisabete Ribeiro Correia, residente no lugar de Azurveira – Bustos e filha dos nossos assinantes Amílcar da Silva Correia e Sílvia Ribeiro Samagaio Correia.
A tese de Mestrado intitulada “Drosophyllum lusitanicum (L.) Link: planta carnívora ibero-marroquina ameaçada – ecologia e dinâmica das populações” foi bastante elogiada pelo Júri constituído pela Professora Doutora Helena Freitas, Professora Doutora Fátima Sales e Professor Doutor Barreto Caldas.
O estudo realizado durante os últimos 3 anos sobre esta planta carnívora rara e quase exclusiva do nosso País revelou que desde 1941 já desapareceram cerca de 40% das populações registadas. Esta planta, que faz parte do património mundial natural, possui algumas propriedades medicinais ainda pouco investigadas e representa um dos dois únicos exemplos de armadilhas do tipo papel apanha-moscas que existem no reino vegetal. Os insectos, atraídos pelas cores ou pelo odor das secreções desta planta, ficam aprisionados nas folhas basais e são digeridos por enzimas proteolíticas digestivas em apenas 24 horas. O estudo incidiu em algumas populações existentes na região da Bairrada, sobretudo em 6 populações muito próximas dos barreiros de Bustos. Curiosamente, esta é uma das zonas onde existem mais populações das poucas que restam no mundo.
O estudo em campo e as experiências em laboratório demonstraram ainda que esta espécie apresenta uma estratégia de sobrevivência que nunca foi descrita em nenhuma outra espécie vegetal. Dado o seu fraco poder competitivo e face à taxa fotossintética inferior comparativamente às outras espécies, esta planta carnívora gere os recursos de uma forma faseada de tal forma que consegue garantir sempre a disponibilidade de nutrientes aos descendentes. Contudo, a intervenção irreflectida e egoísta do Homem nos ecossistemas terrestres tem contribuído para o desaparecimento gradual desta relíquia natural. O estudo conclui que torna-se, portanto, urgente preservar esta espécie ameaçada, caso contrário, desta vez, serão os portugueses os responsáveis pela extinção de mais uma espécie de valor medicinal e ambiental inestimável.
(12 Dez / 9:23)
Diário de Aveiro |
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