| Pluralidade
Entusiasmo precisa-se
O que é que move o homem? Por que trabalha, por que se sacrifica, se cansa e se consome? Por uma causa, dizem muitos, por certos objectivos alvitram outros: por desejos, por interesses vários, afirmam alguns. O que não deixa de ser verdade. Mas, na linha das metas que cada um se propõe, nem sempre é curto e liso o caminho. Surgem obstáculos, dificuldades, problemas vários. Raro o ser se pode jogar em linha recta desde o seu pensar até ao agir.
Concebido e planeado qualquer projecto, já é alguma coisa, mas raramente isso é o essencial e o suficiente. Quase sempre não passa de um ponto inicial de partida. De seguida, vêm as decisões com todo o consequente emaranhado de obstrução variada a que tudo o que se planeia está sujeito. Lógico parece o pensar - agir. Mas não: por um lado, o eu matiza-o e polvilha-o de sentires por vezes até adversos e, por outro lado, o meio envolvente abre-lhe mil e uma implicações várias.
E, assim, idealizamos coisas que nos parecem fantásticas, mas que não conseguimos viabilizar. Pois uma coisa é o que se idealiza e quer e outra bem diferente é o que se consegue concretizar. Não raro o concreto realizado quase nada tem a ver com a ideia inicial que lhe deu origem. Por isso, há depois os desalentados por não conseguirem o que desejavam. E há os conformados que tiveram de optar entre o ideal e o viável e se ficaram por aqui, aquém do sonho. Mas há também os inconformados, os idealistas e até os sempre revoltados. Uns lutam sempre a ver se conseguem, enquanto alguns cheios de desânimo, parece carregarem morte de homem às costas. Não reagem à adversidade, ficam abúlicos e apáticos. Outros nunca descem à realidade quotidiana e ficam-se pelas nuvens, nas alturas, além do mundo que os toca. Quanto aos revoltados, espíritos azedos e inconformistas, carregam mágoas e azedumes, ódios, guerras e revoltas, ao longo dos seus passos terrenos.
Mas este caminhar, rumo a um qualquer objectivo definido e almejado, além das contrariedades exteriores, depende muito de certas nuances psicológicas que caracterizam as pessoas individualmente. Em regra, nada se consegue sem luta e para lutar é preciso coragem, muita coragem e não só. Persistência e principalmente entusiasmo - chave do caminho para o sucesso em qualquer carreira.
É claro que as pessoas precisam de capacidade intelectual e de uma certa bagagem de cultura e informação para se lançarem em qualquer aventura de projectos e metas de realização pessoal, profissional, social. Mas é o entusiasmo que desperta, acelera e torna activas as suas naturais faculdades. Todas as grandes ou pequenas realizações do homem assentam no entusiasmo. Entusiasmo que dá fé, alimenta a persistência, prolonga e alarga o funcionamento da mente, encoraja e anima o prosseguimento da acção. É este entusiasmo que alimenta os inconformistas e os faz lutar sempre por dias melhores e dá força e razão aos idealistas para nunca desistirem do sonho.
Se repararmos à nossa volta, todas as grandes realizações são fruto de um grande entusiasmo, alavanca de uma vontade, firme, constante e decidida.
Na alegria ou na tristeza, no prazer ou na dor, sempre o entusiasmo é a mola real que nos anima e nos assegura a vitalidade necessária à prossecução da nossa caminhada.
Rosinda de Oliveira
Outubro de 2002
(22 Out / 12:27)
Diário de Aveiro |
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