FESTA FINAL DAS VINDIMAS

Mamarrosa Festa final das Vindimas Promovida pelo Rancho Folclórico de S. Simão, no dia 6 deste mês de Outubro Mais um evento cultural a registar no dia 6 do corrente mês, na freguesia de Mamarrosa. Depois concentração de todos os componentes dos quatro Ranchos presentes, houve o desfile dos Ranchos, onde se incorporaram uma carroça de boi e alguns tractores enfeitados com motivos alusivos à Festa Final das Vindimas, como era costume por estas bandas, aqui há uns bons vinte anos atrás. Dornas e camponesas armadas de cesto de aro, tesouras e as respectivas uvas, juntamente com todo o colorido pictório dos próprios elementos de cada Rancho participante - tudo desfilou até ao Complexo das Obras Sociais. Todos os Ranchos passaram pelo palco, erguido no Campo Desportivo da Casa do Povo, fazendo a respectiva apresentação. De seguida procedeu-se à imposição de insígnias na Bandeira de cada grupo e ofereceram-se lembranças simbólicas aos três Ranchos visitantes. Para este cerimonial a apresentadora do Rancho Folclórico de S. Simão, Lurdes Pato, chamou as entidades oficiais presentes, tendo no final, a vereadora da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, Leontina Novo proferido algumas palavras, elogiando e desejando sucesso para esta actividade folclórica. Passou-se depois à actuação dos quatro Ranchos: S. Simão, Mamarrosa, Casa do Povo de Vilarinho do Bairro, Rancho “O ninho de uma aldeia” da Casa do Povo de S. Bartolomeu da Serra - Santiago do Cacém e Rancho Folclórico “As ceifeiras”, da Gafanha da Encarnação. Com a beleza e a segurança a que já nos habituou, o Rancho Folclórico de S. Simão deu início ao Festival, apresentando alguns dos seus números mais significativos. Seguiu-se a actuação do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Vilarinho do Bairro. Com chapéus de palha ou pretos, agarrados à cabeça das raparigas, e os trajos rodados e compridos lembraram os trabalhos, agrícolas da Bairrada. Depois da dança “Roda do Papagaio”, veio o “Regadinho”, recordando as regas em tempos de esturro soalheiro. “Os vinhedos”, outra dança alusiva à vinha e ao vinho, não seja Vilarinho do Bairro a terra do vinho por excelência e desde os princípios da Monarquia. Mas a proximidade da cultura coimbrã influenciou “O Fado da Nau Catrinda” - uma dança cantada e repassada de uma certa nostalgia. E ainda, dançaram “A desfolhada”, “Arregaça, pum, pum” e finalizaram com o “Vira Bairrês”. Seguiu-se a actuação do Rancho “O ninho de uma aldeia” de S. Bartolomeu da Serra - Santiago do Cacém. Tratando-se de uma zona já alentejana, mas com forte influência marítima e bucólica, todas as danças impressionaram pela sua vivacidade, rapidez e beleza bem garrida, tanto do trajar como das cantigas e suas evolução em palco. Começaram com “A ladeira do castelo”, não faltou o tocar do búzio, chamando os habitantes da aldeia para ajudarem os pescadores a puxar as redes no mar. Veio depois “tricotoio” dança que resultou das pesquisas que este Rancho tem promovido pelas aldeias das onze freguesias deste concelho de Santiago do Cacém. E com olés e tirolés-té-té se passou para um baile de roda, todo mexido e bem colorido. E veio “O Picadinho dos olivais” - um corridinho que animava a apanha da azeitona e o “Baile regado”, ligado aos namoros arranjados na ida à fonte, ainda uma valsa manda e fecharam com “Fui à ribeira lavar”. Actuou por fim o Rancho Folclórico “As ceifeiras da Gafanha da Encarnação”, o mais jovem, apenas com três anos de existência. Com uma coreografia muito peculiar, quase todos descalços, saias rodadas compridas, atadas nas ancas, sobressaía o xadrez largo, lembrando o trabalho dos pescadores da ria onde as gafanhas se debruçaram e bebem dela, trabalho e mantimento numa mistura secular de terra e água. Os homens de calça arregaçada, bem ao jeito do viver anfíbio do povo desta vasta zona. Começaram por se apresentar, à largura de todo o palco, em duas filas paralelas com música já meio dançada por todos. E a seguir “As Ceifeiras”, dança que dá o título ao Rancho. Logo de início impressionou a voz da sua cantadeira principal: forte, alta, voz tão cristalina e singularmente aguda que a ninguém passou despercebida. E veio “A minha terra” dança dedicada à Gafanha. O tema “Arregaça”, já interpretado pelo Rancho de Vilarinho do Bairro, foi também escolhido pelos representantes da Gafanha. De seguida, veio “Real caminha” - uma dança muito animada e divertida. E seguiu-se um “Vira Geral” que movimentou grande parte da assistência, de forma que o palco ficou bem cheinho, tornando este momento um ponto importante de aproximação e convívio entre assistência e actuantes. E, como na apresentação, de novo os componentes deste Rancho da Gafanha da Encarnação ficaram em fila na frente do palco, apenas a sapatear de acordo com a música e toda a movimentação bem sacudida se realizou no centro. Ainda dançaram “O barco moliceiro”, alusivo aos barcos deste nome e à apanha do moliço; veio a seguir “Cana Verde” e “A ida à romaria”. E concluíram dispostos em duas filas como na apresentação e no “Viral Geral”. Sempre muito certinhos e responsáveis, ninguém diria que existem apenas há três anos. Este dia de festa na Mamarrosa terminou num jantar convívio em que todos, mais uma vez, confraternizaram e cimentaram os laços de cama - rodagem e bom entendimento, a bem da cultura popular. Parabéns ao Rancho de S. Simão. Rosinda de Oliveira (14 Out / 15:02)
Diário de Aveiro


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