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Crónica da América Para Além das Notícias Manuel Calado * 11 de Setembro ferida aberta O ataque terrorista de 11 de Setembro, colocou os americanos e o mundo, mas mais os americanos, em face de um dilema de consciência, em que está em jogo a sua crença religiosa. Como pode um Deus, pacífico e amoroso, permitir uma barbaridade destas? Perguntam. E o Álá dos muçulmano, aparece como Deus vitorioso, na batalha centenária contra o Deus dos cristãos. O ataque foi feito em nome de Deus. Do Deus islâmico, crença básica de centenas de milhões de almas à volta do mundo. Sim, Alá terá ficado satisfeito com o derrube do maior símbolo do capitalismo cristão. E os modernos «santos« suícidas, que sacrificaram as suas vidas terrenas, em holocausto ao Deus da sua fé, na esperança duma recompensa eterna, de goso e desfruto de virgens no céu da sua imaginação, com recompensa pecuniária para as famílias da terra, terão sido exemplo a seguir por outros mártires, prontos a fazer o último sacrifício pela sua fé. Mas para uma nação que pôs Deus no dinheiro e no juramento à bandeira, e se gaba de ser a maior e melhor nação do mundo, com a benção de Deus, o onze de Setembro caiu como um pesadelo. Será que o Deus Cristão abandonou a América, talvez desgostoso com os desmandos do seu povo e a arrogância e ânsia de poder dos seus líderes? Muitos americanos começaram a fazer interrogações aos valores fundamentais da sua fé. Se tudo é comandado por Deus, estará o Deus que nos deu o poder e a riqueza, desiludido com o nosso procedimento? Alguns padres e pastores na área de New Bedford testemunharam o facto de que o povo, depois do 11 de Setembro, está frequentando cada vez menos as igrejas. Monsenhor John J. Oliveira, disse precisamente isso; que após o ataque do Islão contra o maior baluarte do capitalismo cristão, o povo havia procurado na igreja, paz de espírito e lugar para as suas reflexões. Mas que, últimamente, a assistência aos serviços religiosos, tem decrescido. O mesmo fnómeno observou a Reva. Bette McClure, pastora da Igreja Congregacional na vila de Fairhaven. Também ela tem observado a falta de afluência cada vez maior à sua igreja. Depois do ataque de 11 de Setembro, o pvo interroga-se. Faz perguntas a si próprio, sobre se Deus terá permitido esta horrorosa calamidade, e a perda de milhares de vidas inocentes. Mas porquê os inocentes, e não os responsáveis? Porquê? O 11 de Setembro vai ser lembrado com manifestações de vária sorte. Com discursos e cânticos e implorações ao Deus dos deuses, para que não permita a repetição do castigo. Provávelmente os Muçulmanos dirão ao seu Deus, da sua satisfação pelo castigo infligido aos inímigos da sua fé, através do sacrifício dos seus «santos« mártires. E a pergunta põe-se: estará realmente o mundo a caminho do Harmagedon? A fé é uma substância mais potente do que as bombas nucleares e as chamadas armas de destruição massiva, cuja posse é atribuida ao líder do Iraque, contra o qual os nossos líderes cristãos estão preparando um ataque de represália. E é este o panorama aterrador, que se vive neste 11 de Setembro. * Correspondente do Jornal da Bairrada na América (11 Set / 9:44)
Diário de Aveiro


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