Jorge São José lidera uma das equipas candidata às eleições para a Comissão Política Concelhia do PSD Anadia. Natural de Paredes do Bairro, tem 47 anos e é licenciado em Economia.
O economista, atual vereador na Câmara Municipal de Anadia, já foi presidente da Assembleia Municipal.
Fala a JB de uma candidatura que quer fazer renascer o espírito de união do PSD em Anadia, não deixando de tecer duras críticas à atual comissão política, liderada por Henrique Fidalgo, seu adversário no ato eleitoral de 5 de março.
Quais os motivos que o levam a concorrer à liderança da Concelhia do PSD Anadia?
O principal motivo foi responder positivamente a um grupo significativo de militantes e de se fazer renascer um espírito de União no Partido. As razões são o estado atual do PSD em Anadia. Um PSD afastado dos militantes, que não ouve ninguém. A nossa candidatura visa unir o PSD de Anadia e voltar a fazer deste partido a principal força política do concelho.
Qual o seu projeto para a Concelhia do PSD e para Anadia?
A nossa candidatura quer dar resposta ao desejo de unidade dos militantes do PSD. Esta candidatura não é uma caminhada de um homem só. É de um grupo de militantes que têm o mesmo objetivo, desde autarcas a militantes de base. Pretendemos que seja uma candidatura representativa do concelho e heterogénea.
A Comissão Política do PSD Anadia retirou-lhe a confiança política em 2014, enquanto vereador do PSD no executivo de Anadia. Como tem gerido esta situação?
Com naturalidade. Fui eleito e não abdicarei das minhas funções. Votei e tentei sempre que as minhas posições nas reuniões do executivo fossem ao encontro dos anadienses. Recordo que foi um episódio infeliz e triste da atual comissão política. Acredito na liberdade de opinião, na democracia e na militância partidária.
Como classifica o trabalho feito até aqui pelo PSD enquanto oposição no executivo municipal?
Atrevo-me a questionar: Qual dos PSD’s?
É um facto incontornável que o PSD Anadia está dividido. Que análise faz desta divisão interna?
A divisão interna é péssima para o PSD. Já o pluralismo de ideias é bem-vindo. Infelizmente, a atual concelhia tem promovido a primeira e evitado o pluralismo e a livre crítica. Recordo que esta situação deveu-se essencialmente aos últimos resultados autárquicos. O PSD de Anadia não pode ser um projeto pessoal de ninguém.
No seu entender por que razão estas divergências ainda não foram sanadas? Quem “alimenta” esta divisão e com que objetivos?
Para nós, o futuro não está determinado, nem se encontra depositado em grupos autodesignados que se proponham moldar os nossos militantes de acordo com a sua visão ou daquilo em que ela se deverá tornar, ignorando os projetos, referências e ideias dos restantes. Existe, como já disse, um desejo obsessivo do poder. A divisão no PSD de Anadia serve apenas objetivos de pessoas que gostam de nadar em águas turvas e que ainda não compreenderam que o tempo passou. Acho que devemos olhar para o futuro e para estas eleições como uma oportunidade de voltar a unir e salvar o PSD de Anadia.
Nas últimas autárquicas o PSD, no concelho, sofreu uma enorme derrota para o MIAP, no entanto, nas eleições seguintes (legislativas) os anadienses devolveram a maioria ao PSD. Que leitura faz destes resultados?
O PSD perdeu porque o seu programa e a sua candidatura não mereceram o apoio das pessoas de Anadia. Quero realçar, no entanto, as vitórias dos candidatos do PSD, em Avelãs de Cima, Avelãs de Caminho e Arcos e Mogofores. Ganharam porque o povo confiou neles, nas suas propostas e nas suas equipas. E, já agora, fazem parte deste projeto. Esta concelhia só é conhecida internamente… quando é preciso ganhar externamente, perde. Não é estranho ganhar-se sempre internamente, e na hora da verdade não se ser reconhecido pelos munícipes? Sim, porque a grande ação de reconhecimento de uma concelhia é em eleições locais e não em eleições nacionais.
A divisão existente na bancada do PSD com assento na Assembleia Municipal há muito que é notada. Que leitura faz desta divisão na bancada?
É mais um sinal de que a atual comissão política não tem sido capaz de unir o PSD. Afastou-se de tudo e de todos, vive longe da realidade e dos anadienses. A bancada do PSD na Assembleia Municipal tem sido bem liderada pelo deputado José Manuel Carvalho, falta é empenhamento da comissão política, em dar-lhe apoio, para que se termine com essa divisão.
O seu objetivo ao ser eleito na estrutura partidária passa por poder vir a disputar a presidência da Câmara Municipal?
Realço que esta não é uma candidatura minha nem um projeto meu, é de um conjunto significativo de militantes que se uniram para tal. Mas posso afirmar que não sou, nem pretendo ser, o candidato à Câmara Municipal de Anadia nas próximas eleições autárquicas.
Acha que a “família” social democrata em Anadia poderá voltar a unir-se e recuperar o poder na Câmara Municipal?
Todos sabemos que o atual movimento independente MIAP, teve raízes no PSD. Estamos confiantes que esta candidatura venha novamente a envolver todos os cidadãos com a mesma ideologia política do PSD.
Se perder as eleições no partido, qual será o seu futuro e daqueles que o apoiam?
São apenas eleições. Ganham-se e perdem-se. A minha vida não está dependente do PSD nem da política. Estou na política por convicção e por achar que o PSD de Anadia tem que levar um novo rumo. Termino citando o nosso próximo presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo Sousa: “A minha maior ambição política é não ter ambição política nenhuma.”
Catarina Cerca
Diário de Aveiro |