Quem conhece Diabo na Cruz - e acreditamos que é muita gente - sabe que é absolutamente impossível ouvir as suas músicas de “Rock Popular” sem abanar o pé ou a cabeça. Aquilo mexe com as pessoas. É animado, tem ritmo e letras que ficam no ouvido. E é tão fácil de ouvir. Ontem, arriscámos entrevistar o vocalista da banda, Jorge Cruz, natural de - espante-se - Aveiro.
Do outro lado do telefone, atendeu-nos bem-disposto e nem se apoquentou por termos metido em cada pergunta, pelo menos o título de uma das suas canções (um bocado à martelada, vá). Esperamos não ter feito “figura de urso”.
Diário de Aveiro: Nasceu na Vera-Cruz, e cresceu na praia da Barra. No que faz, além de um “Verde Milho” ou uma “Azurvinha”, o que há de Aveiro?
Jorge Cruz: O percurso. O facto de ter crescido a querer fazer música numa cidade que não é exactamente central no país, e ter de encontrar formas de mostrar o meu trabalho fora de Aveiro. Nós éramos de fora quando chegávamos ao Porto ou a Lisboa. Eu também vivi no Porto durante alguns anos – agora moro em Lisboa já há um pedaço – e foi esse percurso que me permitiu ter uma noção de como é viver em diferentes locais. Perceber o que pode estar na cabeça dos jovens em diferentes zonas do país, ou o que é estar perto de tudo ou um bocado mais longe. Tudo isto está presente na música dos Diabo na Cruz. Nós temos uma música que quem é de Lisboa acha curiosa por parecer vir da província, e que quem é da província – esta é uma palavra complicada, mas que é usada com frequência – tende a olhar para a música como algo que vem de Lisboa. Os Diabo na Cruz são um projecto para todo o país também porque eu cresci numa zona que não é central.
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