“Carta de uma desconhecida” é o título de um romance escrito em 1922 pelo austríaco Stefan Zweig. A partir de sexta-feira, porém, vai passar a estar associado também ao teatro, numa adaptação feita pela mão de Sandra Barata Belo e de Patrícia André, que assumem também a dramaturgia e a encenação. A antestreia do espectáculo será na próxima sexta-feira, no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré (CCGN), onde, nas últimas semanas, todos os detalhes têm sido preparados. A peça segue depois para Angola – é um dos projectos da III Trienal de Angola – e, só após esta viagem, se apresenta ao público de Lisboa, no Teatro S. Luís, em meados de Outubro.
Antes de tudo isto, Sandra Barata Belo e Patrícia André apresentam, em primeira mão, aos leitores do Diário de Aveiro, esta “Carta de uma desconhecida” que junta, em palco, Sandra Barata Belo, o bailarino Félix Losano, o pianista Luís Figueiredo e Rafael Anjos, um menino que faz parte do Grupo de Teatro Ribalta, da Vista Alegre.
Diário de Aveiro: O CCGN vai receber a antestreia de “Carta de uma desconhecida”. Qual é a história desta peça?
Sandra Barata Belo (SBB): Esta é uma história de amor, onde a palavra-chave é obsessão. Fala de uma mulher que começa com 13 anos, mas que passa por várias fases ao longo da peça. Começa com uma criança que se apaixona por um homem mais velho, que é escritor e lhe apresenta quadros e esculturas que ela nunca viu. E principalmente tem livros, levando-a a apaixonar-se por todo aquele mundo que ele tem e que em casa dela não existe. E a menina vai procurar e alimentar-se de tudo o que ele tem, construindo-se em função dele: começa a ler, a ser boa aluna e a estudar piano. Entretanto é afastada da cidade de Viena, algo que é fatal para ela, que só quer estar a observá-lo e a consumi-lo, na verdadeira essência da palavra. Ela quer tê-lo. Ao partir para Innsbruck com a família, passa dois anos horrorosos, fechando-se mais naquela obsessão que a leva a vestir de luto, até que faz os 18 anos e regressa a Viena, recomeçando com as observações e aquela coisa que até era bonita transforma-se numa obsessão.
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