Um nó de acesso à A1 foi a única obra que a autarca de Anadia destacou como vital para o desenvolvimento do concelho perante Castro Almeida, secretário de Estado do Desenvolvimento Regional e gestor e coordenador dos fundos comunitários, nomeadamente do novo quadro – “Portugal 2020” , que presidiu à cerimónia de abertura da 12.ª edição da Feira da Vinha e do Vinho.
Foi debaixo de um sol tórrido e com uma hora de atraso que, na manhã do último sábado, dia 20 de junho, foi cortada pela autarca Teresa Cardoso, secretário de Estado do Desenvolvimento Regional Manuel Castro Almeida e Pedro Machado, presidente da Entidade de Turismo do Centro, a fita inaugural de um certame que é já tradição no concelho de Anadia.
Uma vez mais, na presença de um membro do governo, a edil anadiense voltou a sensibilizar a tutela para esta preocupação do nó da A1, que disse ser “conhecida há muito, mas ainda não reconhecida”, mas de enorme importância para o desenvolvimento estratégico do concelho e da região.
A decorrer na zona do Vale Santo, no centro da cidade, até ao próximo domingo, dia 28, Anadia vive nove dias de trabalho, mas também de grande festa, que fazem deste evento um ponto de encontro e de confraternização.
Anadia detém mais de 70% da produção de espumantes Bairrada. Foi na nova tenda dedicada aos produtores e onde se localiza o wine bar e a loja de vinhos que a todos a edil anadiense deu as boas-vindas. Teresa Cardoso, que no dia da apresentação do certame, a 1 de junho, tinha pedido bom tempo a S.Pedro, estava longe de imaginar o quão generoso ele seria. Com temperaturas a rondar os 40 graus, nada melhor que brindar a abertura do certame com um espumante fresquinho. E foi isso que aconteceu neste espaço que, até domingo próximo, irá dar a provar o produto ex-líbris do concelho e que promete afirmar Anadia como a capital do espumante.
Na ocasião, Teresa Cardoso destacou a importância do espumante para o concelho que foi pioneiro na sua produção. Hoje, passados 125 anos, Anadia é um concelho que “soube dinamizar e modernizar esta atividade e este património absolutamente essenciais para o concelho e para a região, onde Anadia detém mais de 70% da produção de espumantes Bairrada, os quais, por sua vez, representam 65% da produção nacional de espumante”, referiu a edil, que aproveitou para sublinhar o também não menos importante papel da vitivinicultura que molda a paisagem. “Mas é o espumante que nos dá ainda um ex-líbris e uma divisa: Anadia, Capital do Espumante”, disse. Por isso, destacou a forte presença do setor no certame mas também o tecido empresarial em geral presente com vários stands, sem esquecer a vertente cultural, gastronómica e de animação.
A autarca de Anadia sublinharia igualmente a importância estratégica do projeto “Investem Anadia”, um programa municipal de apoio às empresas e aos empresários, à criação de emprego, à fixação de pessoas e à criação de riqueza, através da disponibilização das melhores condições de investimento, com o objetivo de criar dinâmicas e de acrescentar valor ao nível do tecido empresarial do concelho e da região.
Assim, o certame que vai já na sua 12.ª edição é mais “um contributo, apoio e incentivo ao tecido empresarial da região”.
Teresa Cardoso destacou ainda que, para além dos vinhos, Anadia é conhecida pela gastronomia e termas, mas também pela sua hotelaria, equipamentos desportivos e culturais de grande qualidade.
“Dos vinhos à gastronomia, da cerâmica à indústria das duas rodas, da floresta, do termalismo, do turismo desportivo, ao enoturismo, dispomos de um conjunto de potencialidades que destacamos e que importa fortalecer salientando desde logo, e uma vez mais, a necessidade de ligar o principal eixo rodoviário do país ao nosso concelho”.
Uma ligação que Teresa Cardoso acredita permitir aumentar a competitividade e a sustentabilidade dos vários setores económicos do concelho e dos concelhos vizinhos.
Campanha gigantesca para promover e dar a conhecer os nossos produto. Castro Almeida mostrou-se bastante agradado com o facto de Teresa Cardoso ter falado apenas de uma obra que é necessária para o desenvolvimento do concelho (nó de acesso à A1) mas, sobretudo, por ter centrado a sua intervenção a falar de emprego e da criação de riqueza no concelho. “Isto diz bem da mudança no pensamento dos nossos autarcas”, agora mais empenhados em resolver problemas como o desemprego e os salários baixos.
Para o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, este é precisamente um aspeto em que os autarcas podem ajudar bastante, já que o país precisa de empresários e da criação de emprego, destacando que no novo Quadro Comunitário haverá fundos destinados a este fim. Por isso, deixou a indicação da criação na UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) de um Centro de Investigação do Vinho, de nível mundial, com o apoio dos fundos comunitários.
“O nosso esforço deve centrar-se em ajudar as empresas a ser mais competitivas e ajudar os empresários”. Debruçando-se em concreto sobre o setor vitivinícola, avançou ser “uma área de negócio geradora de riqueza que deve aumentar nos próximos anos”, já que é um setor que tem futuro, ainda “que tenha de percorrer um bom caminho ao nível da comercialização”, sobretudo nos mercados externos.
“É preciso uma campanha gigantesca para promover e dar a conhecer os nossos produtos”, nomeadamente nos países emergentes. “Temos qualidade, precisamos melhorar o valor de referência do vinho”, disse.
Catarina Cerca
Diário de Aveiro |