AO SOL, ENTRE MAR, RIA E FLORESTA

Praias/Aveiro Ao sol, entre mar, ria e floresta Entre S. Pedro e a praia velha, em Maceda, litoral de Ovar, há veraneantes que se despem de preconceitos e de roupa, uma «moda« que tem diminuído por culpa dos «voyeuristas«, chamados «frinchas« na região. De binóculos em punho, os «frinchas« chegam a rastejar na areia para «cobiçar« os corpos desnudados das mulheres alheias. São «prazeres« de certo modo equiparáveis aos de deslumbrados «mirones« que em princípios do século XX arregalavam os olhos perante meninas ensacadas dentro de flanela, que se entregavam ao «banho d+alva« na praia de Espinho. Agora, os corpos femininos dão-se ao sol em «top-less« e a praia de Espinho continua a disputar, na cintura do Porto, a preferência dos adeptos de férias no bulício, entre concorridos banhos de mar e titânicas lutas pelo melhor lugar para estender a toalha no areal da baía, frente ao Casino. Em Maceda, com poucos ou muitos nudistas, o destino continua preferido por quem aprecia «trabalhar para o bronze« ouvindo o sussurro das ondas e o pio das gaivotas. Na costa do distrito de Aveiro é assim: intercalam-se praias barulhentas e sossegadas, numa franja litoral dominada pela tripla oferta de mar, ria e floresta, onde o pior é mesmo chegar ao destino, por causa das estradas congestionadas. Tão perto e tão longe está, por falta de ponte num braço da ria, a única praia do concelho de Aveiro (S. Jacinto), pelo que os habitantes da cidade preferem os areais da Barra - já no concelho de Îlhavo, a escassos 12 quilómetros do centro urbano, através do IP5 - ou da Vagueira, Vagos, um pouco mais a sul. De resto, já em finais do século XIX vingava na terra dos ovos moles a moda de «ir a banhos« ao litoral de Îlhavo e Vagos. Aquelas praias atraíam sobretudo as classes mais abastadas, a quem os pescadores arrendavam temporariamente os seus palheiros, invariavelmente pintados às riscas verticas, em cores tão garridas quanto as dos barcos moliceiros da ria. Mudaram-se os tempos, mudaram-se muitos hábitos, mas as praias da de Îlhavo e Vagos continuam a atrair anónimas multidões, alguma gente «bem« da região e do país e muitos estrangeiros, sobretudo espanhóis e franceses. As nortadas são frequentes, a temperatura da água lembra às vezes os mares frios da Gronelândia e da Terra Nova, noutros tempos sulcados por bacalhoeiros desta região, mas ninguém valorizar esses inconvenientes. Ou talvez valorize mais o que há para deleite do veraneante, desde o muito «in« Litoral Fashion, só presenciável por convite, ao democratizado - porque grátis - cinema de ar livre, com a relva a servir de cadeira. Há oferta diversificada nas praias da região mas o sucesso destes destinos turísticos deve-se, sobretudo, «à sorte de Aveiro estar na moda«, declara Encarnação Dias, presidente da Região de Turismo «Rota da Luz«, a estrutura que promove, nos mercados interno e externo, as belezas de 15 dos 19 concelhos do distrito. Lusa c
Diário de Aveiro


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