O arquitecto Duarte Castel-Branco, actualmente o decano dos arquitectos urbanistas portugueses e professor catedrático da Universidade Técnica de Lisboa, faleceu domingo, em Abrantes, aos 87 anos. O funeral realiza-se hoje, às 13 horas, na Igreja do Campo Grande, em Lisboa (onde o corpo se encontra desde ontem), com a celebração de missa de corpo presente.
Duarte de Castro Ataíde Castel-Branco, nascido em Macau, em 1927, tem um vasto e importante currículo como arquitecto, nomeadamente na área do Urbanismo, a que se dedicou desde o início da carreira depois de, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, ter completado a sua formação em Itália e em França.
Sócio n.º 3 da AUP – Associação dos Urbanistas Portugueses, onde desempenhou vários cargos, Duarte Castel-Branco participou, entre outros, na elaboração do Plano Director de Lisboa (1964), na elaboração das “Bases da Legislação Orgânica do Urbanismo em Portugal” (1972) e foi o principal responsável do Plano Director Municipal do Porto (1993).
Pedro Guimarães, presidente da AUP, recorda-o como uma “pessoa franca, aberta e calorosa”, características que definiam ainda o modo “como sempre viu a profissão”. Era, revela Pedro Guimarães, o decano dos urbanistas portugueses (Costa Lobo, que era o sócio n.º 1 da AUP, faleceu em 2013). “A sua bagagem técnica era inquestionável. Tinha um currículo vastíssimo, com um longo manancial de trabalho de grande qualidade técnica que foi elaborando ao mesmo tempo que manteve a sua actividade de professor”, resume o presidente da AUP.
O presidente da Ordem dos Arquitectos (OA), João Santa-Rita, destaca “o carácter pioneiro” de Duarte Castel-Branco “nos temas das cidades e do planeamento”, acrescentando que “é uma perda grande para a arquitectura”. Assim, o presidente da OA realça, além “das obras que deixam a sua marca”, o “grande conhecimento e dedicação” de Duarte Castel-Branco “nas áreas do urbanismo, planeamento e cidades”. Algo que, frisou, começou a fazer desde muito cedo na sua carreira, numa altura em que “estas questões das cidades não eram ainda tão visíveis”.
Foi vogal do Conselho Superior de Obras Públicas e Transportes (1972) e presidente do Centro de Estudos de Urbanismo e Habitação Engenheiro Duarte Pacheco (1975).
Em Abrantes, a ele se devem o Grémio da Lavoura, blocos habitacionais, o Monumento a D. Nuno Álvares Pereira e o projecto de restauro de parte do Convento de S. Domingos, para a instalação da actual Biblioteca Municipal António Botto. Doou, em 2007, ao município de Abrantes, a colecção documental do seu trabalho, à guarda do Arquivo Histórico Municipal Eduardo Campos. Orientou, entre outros, o Plano Director Municipal da Covilhã, os Planos Estratégico e de Urbanização da Grande Covilhã e o Plano Intermunicipal de Ordenamento da Ria de Aveiro para a Associação dos Municípios da Ria de Aveiro (AMRia), em colaboração com a empresa CPU Consultores.
Enquanto docente, leccionou nas escolas superiores de Belas Artes do Porto e de Lisboa, em Coimbra e foi professor catedrático da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa.
Viúvo de Maria Margarida Tamagnini da Fonseca Castel-Branco, Duarte de Castro Ataíde Castel-Branco era pai de Catarina da Fonseca Ataíde Castel-Branco, Maria Cristina da Fonseca Ataíde Castel-Branco, Maria Ana da Fonseca Ataíde Castel-Branco e António da Fonseca Ataíde Castel-Branco; e sogro do advogado José Miguel Júdice.
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