A petição assinada por mil habitantes da Gafanha da Nazaré contra a movimentação de petcoke no porto de Aveiro poderá dar origem a uma exposição ao Ministério Público devido aos riscos para a saúde pública.
Os moradores estão cansados da falta de respostas aos pedidos recorrentes de medidas para mitigar os efeitos da poluição pelas poeiras lançadas por descargas de petcok no Porto de Aveiro.
António Vilarinho, uma das vozes da contestação à forma como se processa o movimento de cargas, assume que o caso pode ir parar ao Ministério Público.
“A luta vai continuar. Estamos a equacionar meter isto no Ministério Público porque os crimes têm que ser participados ao MP. Isto é um crime ambiental. Estão a prejudicar as pessoas e a saúde. Só os cientistas que defendem o lóbi é que dizem que isto não tem qualquer prejuízo para a saúde. Há componentes no Petcoke que são cancerígenos”.
António Vilarinho diz que a população não é contra o progresso e a ação do setor económico mas sempre em respeito pelos cidadãos da envolvente ao porto de Aveiro.
“Não podemos ser contra o progresso. São combustíveis baratos e as empresas precisam mas não podemos estar a sacrificar as populações para beneficiar as empresas. Há investimentos que se podem fazer para que o petcoke continue a ser descarregado sem prejudicar ninguém. A lavagem de viaturas à saída deve ser feita tal qual fazem as empresas especializadas fazem chave na mão”.
Ainda à espera do estudo sobre a qualidade ambiental, desenvolvido por um organismo especializado da Universidade de Aveiro, António Vilarinho revela que os dados serão importantes para sustentar as queixas da população. “Foi prometida a monitorização pela APA. Há meses fizeram o trabalho e até agora desconhecemos os resultados da análise”.
A Câmara de Ílhavo queixou-se de não ter sido ouvida no licenciamento da unidade de descarga e protestou. Fernando Caçoilo diz que ainda não obteve resposta à carta de protesto e quanto à eventual queixa de populares junto do Ministério Público salienta que aguarda pelos esclarecimentos da Direção Geral de Energia.
“Tenho que respeitar as instituições. Vou aguardar que a direção geral dê uma resposta ao posicionamento da Câmara e depois, em função disso, daremos a resposta que nos parecer mais conveniente”. Diário de Aveiro |