À semelhança de anos anteriores, o executivo anadiense aprovou, na última reunião de câmara, a entrega de 96 cabazes de natal a famílias carenciadas do concelho. No valor de 3 mil euros (mais IVA), esta matéria voltou a colocar os vereadores em posições opostas, tudo por causa de uma simples garrafa de espumante.
Em relação à proposta da Câmara, a vereadora Lígia Seabra, do PSD, sugeriu, à semelhança do ano passado, que fosse acrescentado ao cabaz, para além do tradicional bacalhau, azeite e bolo-rei (obrigatórios à mesa da consoada), uma garrafa de espumante, um dos produtos bandeira da região. Um produto que se justificava incluir, a seu ver, “por ser uma data festiva, mas para dar uma maior dignidade, já que permitirá fazer com que as famílias se sintam especiais”.
A ideia foi recusada pela maioria e a proposta da inclusão de uma garrafa de espumante seria “chumbada”, por causa de eventuais casos de alcoolismo ou de inibições de consumo de álcool a que alguns dos abrangidos poderão estar sujeitos.
Na ocasião, o vereador do MIAP, Litério Marques, considerou o cabaz uma iniciativa meramente simbólica mas com mérito, não deixou de chamar a atenção para “a seleção das famílias” que “deveria ser maior”, fruto de uma “sinalização” mais cuidada. “A par destes, que já podem receber apoio de outras associações e IPSS’s, há outros, muito mais carenciados, mas que não estão sinalizados. Por isso, a Câmara deve sinalizar melhor essas famílias”, disse, concluindo que o município seria bem feliz se só existissem estas famílias carenciadas. “Infelizmente, são muitos mais, sobretudo escondidos naquela pobreza envergonhada”. Mostrando-se solidários com a opção feita pela câmara estiveram também os vereadores São José (PSD) e Lino Pintado (PS). Ambos consideraram a questão da inclusão de álcool no cabaz uma questão sensível e complexa, que eventualmente acarretaria para a Câmara a necessidade de proceder a uma diferenciação entre cabazes com ou sem álcool e famílias, o que a maioria entendeu não ser aceitável.
A edil realçaria ser o cabaz um gesto simbólico “a pensar em tornar algumas famílias mais felizes nesta quadra”. E, reconhecendo a complexidade na identificação das famílias a apoiar, deixou a garantia que, caso haja conhecimento através de instituições que estão no terreno ou das Juntas de Freguesia, de mais famílias carenciadas, estas não deixarão de receber igualmente um Cabaz de Natal.
Cabaz
1 bacalhau, 1 bolo-rei, 1 l azeite, 1 l óleo, 1 kg açúcar, 1 kg farinha, 2 kg massa, 1 kg arroz, bolachas, 1 saco de chocolates, 1 embalagem de frutos secos.
Catarina Cerca
Diário de Aveiro |