ÍLHAVO: MAIORIA VIABILIZA PLANO E ORÇAMENTO. FISCALIDADE CONTINUA A SER TEMA DE CRÍTICA.

As Grandes Opções do Plano e Orçamento da Câmara de Ílhavo para 2015 foram aprovadas pela maioria Social Democrata, com abstenção do PP e votos contra de PS, CDU e BE. O PS voltou a acusar o executivo de apresentar um plano e orçamento para 2015 com as mesmas propostas do documento para 2014. Sérgio Lopes, presidente da concelhia socialista e porta-voz da bancada, diz que os documentos de 28 milhões se repetem.

“A prova do esgotamento e da falta de ideias novas do PSD está bem patente no exercício pouco sério de repetição em toda a linha das propostas para o orçamento de 2014.A CMI resume o plano para 2015 a tarefas de copiar/colar do documento anterior. O que era para estar feito em 2014 não está feito. E agora, façamos fé, que em 2015 é que vai ser.”

Na leitura sobre os encargos fiscais lembra que apesar da manutenção da taxa de IMI, há um agravamento da situação fiscal das famílias. “Este é um orçamento que exigirá que os munícipes paguem mais de 2 milhões de euros a mais em impostos em relação a 2014. Sobe a receita de impostos, diminui o investimento nas pessoas e aumenta a despesa corrente do município.”

Na leitura sobre os encargos, o dirigente do PS vai mais longe e diz que há um peso ao nível dos impostos que se nota no ranking intermunicipal. “O município de Ílhavo é o segundo concelho que mais impostos cobra na Região do Baixo Vouga, per capita. Ílhavo cobra, per capita, 208 euros em impostos municipais. A média da Região do Baixo Vouga é de 160 euros. Ílhavo é o município que mais IMI cobra na Região do Baixo Vouga. Só em IMI, cobra 150 euros per capita.”

Fernando Caçoilo, presidente da Câmara de Ílhavo, diz que o PS apresenta um discurso repetido e desfasado da realidade. “O Partido Socialista não vive no município de Ílhavo. Mas é o filme que os senhores querem transmitir. O tal da ‘insensibilidade social’. O disco está arranhado. Os senhores querem transmitir que este concelho é só problemas sociais. Felizmente, não é. Tem os seus problemas, mas quem é que não tem?”

No debate mantido na última sessão de Novembro que conclui a última agenda do ano 2014, o PCP questionou a oportunidade de investimentos como a Casa da música na Gafanha da Nazaré. “Essa intenção de construir uma Casa da Música na Gafanha da Nazaré, nesta altura do campeonato, não é uma megalomania? É mesmo uma necessidade? Há assim tanto dinheiro disponível? Nós temos assistido às lamentações da CMI por falta de dinheiro. Isto não será só um conjunto de intenções que fica bem? Ou é mesmo para levar para a frente?” questionou José Firmino.

Fernando Caçoilo justifica a oportunidade do investimento exatamente por não se tratar de uma obra megalómana. “Provavelmente, se for perguntar às associações que eventualmente possam ir para a Casa da Música, elas não concordam consigo. É um compromisso que já existe há vários anos. O projeto está em execução. No fim do próximo ano vamos ter o início da obra. Eu, nem de perto, nem de longe, considero esta obra megalómana.”

O Bloco de Esquerda acentuou, de novo, as críticas à falta de serviços básicos nalgumas áreas do concelho salientando a falta de cobertura da rede de saneamento. “No século XIX ainda era permitido aos homens defecar na via pública em Paris. Hoje em dia, de certeza que isso não seria possível, por uma questão de saúde, mas nós temos situações muito semelhantes na Gafanha da Nazaré. Isto não é propriamente Paris no século XIX, porque faltam muitas coisas boas. Eu não concordo que este orçamento seja resultado de falta de ideias novas. Se calhar, as ideias antigas têm de continuar a fazer parte do orçamento pelo seu incumprimento. E também acho que é importante ter casas da cultura e centros culturais mas eu não vou à ópera se tiver fome ou frio.”

O PP absteve-se. Hugo Rocha, líder da concelhia do PP, justificou essa opção com a salvaguarda de algumas questões que considera basilares como o Fundo de Apoio a Famílias e Indivíduos Carenciados. Depois das dúvidas levantadas durante algumas semanas sobre o sentido de voto, os Populares acabaram por dar um sinal que encaixa nas diretrizes nacionais sobre o relacionamento dos partidos que governam o país em coligação.


Diário de Aveiro


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