Um relatório sobre a defesa do litoral português defende o estudo de modelos e fontes de financiamento alternativos ao modelo atual considerado insustentável a médio e longo prazo.
As obras de proteção costeira realizadas nos últimos 20 anos custaram 196 milhões de euros, mas só em três meses (entre janeiro e março de 2014) foram gastos 23 milhões (11,7 % do valor total) na reparação de estragos dos temporais, lê-se no Sumário Executivo e Recomendações do relatório do Grupo de Trabalho do Litoral (GTL), a que a agência Lusa teve acesso.
Nas contas apresentadas, mos próximos 30 anos serão necessários entre 740 a 780 milhões de euros e num horizonte que vai até 2100 serão necessários 2300 milhões de euros.
O GTL recomenda que sejam feitos estudos de modelos alternativos, "incluindo estratégias combinadas de proteção, acomodação e relocalização para a zona costeira", considerando "urgente" a realização de avaliações integradas daquelas medidas de adaptação e dos custos a ela associadas num horizonte temporal que se poderá estender por mais de 80 anos, até 2100.
Marcos Ré, vereador com o pelouro do ambiente na Câmara de Ílhavo, acredita que será possível consensualizar operações de defesa da costa no litoral aveirense mantendo pessoas e bens.
“Neste acaso a acomodação das pessoas e proteção, retirada onde existirem problemas e a intervenção relativa ao que é a própria execução de obras necessárias. Esta estratégia que está definida no estudo feito, estou convencido que terá dentro de cada um dos items uma componente financeira adequada para podermos intervir de forma que nos satisfaça e vá ao encontro das expetativas sobre esta matéria”.
Marcos Ré espera receber esta sexta-feira informação sobre o primeiro mês depois das obras de recarga de areia na barra. "Temos noção que o efeito erosivo já se fez sentir mas espero receber informação sobre a quantidade de areia que o mar já levou", salienta o responsável pela pasta do ambiente.
Entretanto, o presidente da Câmara de Ovar, Salvador Malheiro, aproveitou uma deslocação a Bruxelas para tentar perceber qual a orientação da política europeia quanto aos efeitos das alterações climáticas e as consequências no litoral. O autarca está em Bruxelas no momento em que os debates giram em torno da defesa do que foi edificado ou da eventual deslocalização de pessoas. Diário de Aveiro |