RADIAÇÕES IONIZANTES BENEFICIAM CÉLULAS |
---|
| |
Medicina Nuclear
«Radiações ionizantes até beneficiam as células« - especialista
O director do Laboratório de Medicina Nuclear da Universidade de Coimbra, Adriano Rodrigues, recusou ontem o epíteto de «medicina Chernobyl« popularmente associado àquela especialidade.
«As radiação absorvidas pelos doentes são semelhantes ou inferiores às provocadas pela radiologia convencional. Em alguns casos, as radiações ionizantes até beneficiam as células«, disse Adriano Rodrigues, citando conclusões do especialista L. Feinendegen, um alemão radicado nos Estados Unidos.
L. Feinendegen apresentou essas conclusões hoje na Curia, Bairrada, no fecho de quatro dias de debates que preencheram o IX Congresso Nacional de Medicina Nuclear.
Além da protecção radiológica, os 250 participantes debateram temas como a Cardiologia Nuclear, Oncologia Nuclear, Pediatria Nuclear e Radio-farmácia.
«Foi um espaço de discussão científica e técnica, com troca de experiências e conhecimentos entre as diferentes comunidades científicas nacionais e estrangeiras«, descreveu Adriano Rodrigues, que assumiu as funções de presidente do congresso.
Nas suas declarações à agência Lusa, Adriano Rodrigues desvalorizou um estudo elaborado em Março deste ano pelo Grupo de Missão da Saúde, que desencorajava a oferta de formação em tecnologias da saúde, incluindo radioterapia, por previsíveis dificuldades de absorção dos futuros técnicos no Serviço Nacional de Saúde.
«Neste momento só temos centros de Medicina Nuclear em Lisboa, Porto e Coimbra, mas a tendência é para que ela chegue aos hospitais distritais«, disse Adriano Rodrigues, anunciando ainda que dois centros privados surgirão a curto prazo em distritos do Litoral Centro.
A Medicina Nuclear é uma ciência multidisciplinar que envolve uma colaboração estreita entre profissionais provenientes de diversas áreas: medicina, física, engenharia, farmácia, química, biologia, técnicas de diagnóstico e terapêutica, enfermagem, entre outras.
Caracteriza-se pela utilização de métodos complementares de diagnóstico que, geralmente, não requerem mais do que a simples administração endovenosa de um radio- fármaco.
As técnicas próprias da Medicina Nuclear são fáceis de executar, estando associadas a uma baixa taxa de efeitos adversos e, virtualmente, a nenhuma mortalidade, segundo especialistas.
«Contrariamente ao muitas vezes suposto, as doses de radiação absorvidas pelos doentes são quase sempre semelhantes ou inferiores às recebidas através da utilização de métodos radiológicos convencionais«, defende a Sociedade Portuguesa de Medicina Nuclear.
Pode dizer-se, de forma resumida e esquemática, que a Medicina Nuclear está para a radiologia assim como a fisiologia está para a anatomia, refere.
As metodologias aplicadas em Medicina Nuclear baseiam-se no funcionamento dos órgãos, permitindo avaliar as suas alterações em condições patológicas ou fundamentar- se nas mesmas para fins terapêuticos.
A Medicina Nuclear utiliza substâncias radioactivas não só com objectivos diagnósticos mas também, embora menos frequentemente, terapêuticos.
Exemplos de aplicações diagnósticas são as cintigrafias ósseas para detecção precoce de metastização óssea proveniente de diversos cancros ou para avaliação de eventual patologia inflamatória osteo-articular.
Por outro lado, o tratamento do hipertiroidismo, do carcinoma diferenciado da tiróideia e da dor proveniente de metástases ósseas, são exemplos de aplicações terapêuticas da Medicina Nuclear.
Lusa
(10 Nov / 14:07) Diário de Aveiro |
|
|
|