O presidente do Grupo Martifer e da West Sea que é a proprietária dos estaleiros da Navalria e de Viana do Castelo afirma que a aquisição foi decisiva para o futuro da unidade de Aveiro. Carlos Martins assume que no próximo ano West Sea e Navalria serão apenas uma marca e que a internacionalização será a aposta.
“Se não tivéssemos ficado com Viana era mais difícil. Viana é estratégico. Desde que anunciámos que tínhamos Viana e que mantivemos o conhecimento começámos a ter reconhecimento e aceitação para encontrar parceiros e novos investimentos. Hoje os estaleiros são realidades diferentes do passado. O estaleiro levam-se não se constroem. Os dois estaleiros vão ser complementares. Sem Viana, a Navalria não seria viável. Com Viana estamos no circuito mundial de reparação naval. No próximo ano contamos iniciar a construção de novos navios para exportação. E vamos internacionalizar a empresa”.
Com uma carteira de reparações que poderão chegar às 20 unidades, com a reconversão do Atlântida adquirido pela Douro Azul e com a perspectiva de encomenda de mais navios-hotel os estaleiros parecem ter garantido o relançamento da actividade.
Depois de uma fase inicial marcada pela polémica em torno do modelo de concessão decidido pelo Estado, a verdade que os estaleiros de Viana estão a recrutar funcionários e Carlos Martins diz que aos 100 ambiciona juntar mais 200. “Dentro de um ano não se falará de Viana. Temos 107 funcionários e queremos manter mais 200. Não há falta de funcionários. Na Martifer estamos a reduzir e há muita gente a pôr-se em bicos de pés para ir para Viana”.
As declarações de Carlos Martins à Terra Nova à margem do encontro promovido pela Plataforma Tecnológica do Mar, ficam marcadas pela confiança do empresário que acredita num regresso ao mar. “A necessidade aguça o engenho. Penso que se as escolas ensinarem fomentam o empreendedorismo. Pode ser uma ajuda. Há condições para que as pessoas se interessam. Começo a sentir que há muito conhecimento e vontade de fazer. As oportunidades vão surgir”.
O aviso vai também para a forma como se desenham os produtos para o mercado. Carlos Martins diz que as empresas buscam soluções para problemas concretos. “Temos que ser competitivos em termos globais e escolher o que fazer. Temos que vender soluções e não equipamentos puros e duros. Uma plataforma petrolífera é apenas um meio de extrair petróleo. Não é um fim em si”.
E do mercado interno, a Martifer espera um sinal forte da Marinha que alega a necessidade de renovar a frota. “A marinha tem que dizer o que vai fazer. É complicado reservar dinheiro para as forças armadas em tempos de crise. Mas o ramo em que julgo que se deve investir mais é na Marinha. Penso que a Marinha pode gerar grandes oportunidades junto dos Países de Língua Oficial Portuguesa”.
No campo da produção de energia, admite que a produção no mar é um projecto demasiadamente dispendioso. “A energia hídrica é uma realidade bem aproveitada. O parque eólico está bem conseguido e há espaço grande para o solar devido aos custos e às condições. É uma solução amiga do ambiente e da rede. O gás natural tem um campo infinito e polui menos. Não vejo que a produção de energia no off-shore seja viável”. Diário de Aveiro |