ADERAV ALERTA PARA EVENTUAL PERDA DE PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO NA OBRA NO ANTIGO REGIMENTO DE INFANTARIA.

A Associação para a Defesa do Património da Região de Aveiro está desiludida com a forma como se está a processar o acompanhamento da obra de um lar residencial no espaço do antigo quartel do regimento de infantaria 10, na Rua Castro Matoso, por considerar que a ausência de uma equipa de arqueólogos poderá ter permitido a perda de elementos com relevância para estudar a história de Aveiro.

Lembra que se trata de um local com “potencial arqueológico e patrimonial significativo”, por se localizar nas margens do antigo bairro das olarias da cidade, que pela época do séc. XV se mudou do espaço dentro de muralhas para este local.

“Recentes intervenções arqueológicas realizadas em áreas envolventes, mostraram que os testemunhos obtidos pelo registo arqueológico dos sedimentos são intensos, tendo sido identificadas estruturas e materiais que têm sido associados à actividade dessas mesmas olarias”.

É uma área abrangida pela Zona Especial de Protecção do conjunto arquitectónico formado pela Igreja do Convento de Santo António e seu claustro, Capela da Ordem Terceira de São Francisco e anexos conventuais (Casa do Despacho), classificado como monumento nacional desde 19 de Fevereiro de 2002.

Pela classificação como ZEP obedece a critérios nas intervenções que, segundo a ADERAV, foram cumpridos numa fase inicial com “trabalhos prévios de Arqueologia” mas salienta que permanecem “condicionantes de natureza patrimonial”, a serem cumpridas em momento da execução da intervenção programada.

A ADERAV diz que o promotor não terá feito cumprir a totalidade das condicionantes emitidas para o local e, deste modo, “as escavações no terreno foram efectuadas sem o devido acompanhamento arqueológico, pelo que poderemos estar na presença de destruição de património, neste caso notória perda de registo histórico da evolução da ocupação humana na cidade de Aveiro”.

A chegada de uma equipa de arqueologia ao local terá acontecido tardiamente e a associação teme que já não seja possível “fazer muito, pois o desaterro já foi realizado e os materiais levados para vazadouro”.

O lamento da associação vai para a falta de intervenção de instituições locais alertando para que tal processo “tenha consequências”, e que em futuras intervenções similares “seja aplicado o regulamentado, e as condicionantes emanadas pelas instituições tutelares do património sejam efectiva e atempadamente cumpridas”.


Diário de Aveiro


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