Dos Medos
Manuel Calado
«Summer of all fears«. Foi assim que a distinta comentadora do «New York
Times«,Maureen Dowd,classificou esta semana a actual vivência nos Estados
Unidos.
O Presidente Roosevelt classificou um dia o «mêdo do mêdo«, como o pior
inimigo em face do povo americano.Quem havia de dizer que o politicamente
correcto, no actual momento,é ,precisamente, espalhar o mêdo do mêdo.O mêdo
foi até alvo de uma classificação por meio da cor.Se a cor da semana for
vermelha,é sinal de que a situação é grave.Se for laranja,é sinal de que
podemos dormir, mas de pistola debaixo do travesseiro.
No tempo da Guerra fria, sabia-se que as bombas atómicas de cá e de
lá,eram uma garantia de estabilidade e segurança.Era a conservação da paz
pelo terror,pois sabia-se que nenhum dos contendores arriscaria a sua própria
destruição.
Havia o costumado «ranger de dentes« de cá e de lá,as habituais
ameaças,os insultos diplomaticos e menos diplomáticos,quando o sr. Krushchev,
bateu com o sapato na mesa das Nações Unidas., e Washington ameacava com
retaliacao em massa.
Houve tambem periodos de mêdo, e as companhias especializadas na
construçao de abrigos subterrâneos, fizeram bom negócio.Ainda deve hav er
dezenas de milhar de abrigos à volta do país,agora transformados em armazens
de velharias.Mas com este novo clima de mêdo, é provável que alguns desses
abrigos à prova de bomba atómica,estejam sendo limpos e preparados para o que
der e vier..
Maureen Dowd,que escreve com muito humor,disse que , para «maximizar o
drama do momento, os adjuntos do procurador geral da Justica, sr.
Ashcroft,,foram ao Departamento da Justica às primeiras horas da manhã, a fim
de preparar o Attorney General «,para dar a notícia de Moscovo, onde se
encontrava, via satélite, sobre a prisão de um terrorista, especializado em
colocar «bombas sujas«.As bombas sujas, não explodem mas irradiam muita
porcaria, isto é, radiacão atómica.
Segundo a cronista do «Times«, essa operacao de mêdo, teria por fim
levar o congresso a aprovar a criacao do novo departamento de seguranca
nacional,pelo processo de fundir numerosas organizacoes agora
independents..E acrescenta: «O inimigo islâmico, intica com os nossos
nervor,prejudica a nossa economia, e ganha poder.O Presidente americano
intica com os nossos nervos,aumenta a sua popularidade e ganha poder. É ja
bastante mau, que os terroristas usem o medo como arma.Mas tem o governo de
Bush de fazer a mesma coisa ?Tanto os rapazes maus como os rapazes
bons,estão brincando com o nosso juizo, e empolando o factor mêdo.«
Na verdade, e àparte o humor de Maureen Dowd,há quem suspeite que o
mêdo do mêdo esteja sendo usado para fins politicos..Que é preciso estar de
atalaia ,ninguem duvida.. Mas isto de provocar um estado de mêdo
permanente,dá cabo da confiança do país,dá cabo das operações na Bolsa,cria
desemprego, leva as companhias de aviação à bancarrota,porque o povo com
mêdo,deixou de viajar..
Que este método de gritar ao lobo, e o lobo não aparece logo,leva
tambem o povo a descrer nos responsáveis pela segurança,
Uma coisa é certa.Vivemos tempos fosfóricos.E contra um
terrorista-suidida,não há defesa possível..A única defesa é procurar sanar as
discórdias´internacionais,que estão na origem deste ambiente de mêdo.E
enquanto a Guerra entre àrabes e judeus não for solucionada,o terror e o
mêdo,continuarão a ser o pão nosso de cada dia.
(17 Jun / 18:08)
Diário de Aveiro |
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