Mais de seis anos após o empresário Carlos Trancho ter sido assassinado com um tiro na cabeça, o Tribunal de Anadia puniu o autor do crime com 14 anos de prisão.
Fernando Ribeiro, que fugiu após o assassinato, tendo sido localizado no ano passado em Cabo Verde, foi, no entanto, condenado por um crime de homicídio simples e não qualificado, como era acusado pelo Ministério Público (MP). O tribunal não recolheu provas de que o homem, de 47 anos, tenha premeditado o crime, decidindo, por isso, desqualificá-lo. “Não foi possível determinar o momento em que decidiu matar nem afirmar que foi uma decisão reflectida”, explicou o presidente do colectivo de juízes, Jorge Bispo.
A família da vítima mortal “esperava mais”, ficando, por isso, insatisfeita com a pena. “Com a justiça que temos no nosso país, é preferível matar uma pessoa do que um cão”, disse, revoltado, Acácio Trancho, pai de Carlos Trancho, à porta do tribunal.
A decisão do tribunal também não foi ao encontro do esperado pela defesa do arguido, tido como uma pessoa “pacífica” e sem antecedentes criminais. “Irei recorrer, como é evidente. Houve manifestamente legítima defesa e a pena é muito exagerada”, referiu o advogado de Fernando Ribeiro.
Ao arguido, que está em prisão preventiva desde que foi extraditado para Portugal, o colectivo de juízes aplicou uma pena de 13 anos e seis meses por homicídio e dois anos pelo crime de detenção de arma proibida, resultando num cúmulo jurídico de 14 anos. Foi ainda condenado a pagar 250 mil euros à viúva e filhos do casal, ambos menores.
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