O fotógrafo Carlos Marques revela a história que esteve na origem da fotografia que é imagem de marca do ObservaRia 14, certame dedicado à observação de aves em estarreja já no próximo fim-de-semana.
A arte de estar no sítio certo à hora certa.
“Este tipo de registo não acontece quando nós queremos”, afirma Carlos Marques. Foi numa das suas incursões matinais pelos Percursos BioRia que o fotógrafo estarrejense captou a Garça-vermelha a alimentar-se no meio do arrozal.
Recorrendo ao método de captura de fotografia de aves em progressão, que neste caso foi em viatura camuflada e sem projeção de silhueta, Carlos Marques arriscou uma aproximação de cerca de 30 metros (normalmente, com a aproximação a menos de 50 metros, este tipo de aves sente-se ameaçada e levanta voo) e a Garça glutona ali permaneceu imóvel no meio da vegetação, como que adivinhando uma merenda reforçada, esperando as suas presas.
Neste caso particular, a sessão foi rápida, não tendo sido necessário aguardar horas a fio para a fotografia desejada, conta Carlos Marques. “Tive a sorte de não esperar muito, pois quando cheguei ao local, a ave já lá estava. Como senti que algo estava para acontecer devido à garça continuar imóvel, preparei as configurações necessárias para começar a fotografar. A sessão terá demorado entre 3 a 4 minutos. Neste tempo tirei algumas dezenas de fotos”.
“Após o mergulho do bico da garça para apanhar a presa, houve uma luta fora do comum, porque a presa era mergulhada na água, ao mesmo tempo que a ave abanava o bico” de um lado para o outro até engolir definitivamente a presa.
Só mais tarde Carlos Marques se apercebeu o quanto a jornada fotográfica se tinha revelado proveitosa. “Fiquei contente com a coleção fotográfica, pois tinha a firme certeza que tinha registado uma garça vermelha a alimentar-se. Só em casa quando revelei as fotos e ampliei uma, é que verifiquei que afinal a grande luta era por causa de dois batráquios que a garça tinha apanhado em simultâneo”.
Que atributos distinguem o fotógrafo de natureza? Um trabalho deste tipo requer “equipamento específico de observação, camuflagem e fotográfico, e o conhecimento sobre o habitat, comportamento, locais e épocas para se encontrar as mais variadas espécies”, contudo e em primeiro lugar “um fotógrafo de natureza e vida selvagem deve ter essencialmente muita paciência”, afirma.
Ao lado de Orlando Azevedo e Abel Cunha, Carlos Marques faz parte do Núcleo Fotográfico do Baixo Vouga que irá apresentar uma Exposição de Fotografia na ObservaRia 14, no próximo fim-de-semana, dias 12 e 13 de abril, no Multiusos de Estarreja.
Os 3 fotógrafos irão apresentar uma amostra da natureza em bruto, sem artifícios, do paraíso para o birdwatching e para os fotógrafos da natureza que Estarreja compreende Diário de Aveiro |