O Provedor do estudante da Universidade de Aveiro admite que Aveiro é um caso singular no mundo das praxes porque aposta em “nuances locais” e as lideranças fazem esforço em nome de uma “praxe sem excessos” mas reconhece haver “casos de exceção que devem ser prevenidos”.
Alexandre Cruz, em entrevista ao site da UA, salienta a “maior preocupação e atenção vigilante de todos” a começar pela Salgadíssima Trindade e Conselho do Salgado que tutelam a praxe, apostando em “medidas preventivas”, a “maior visibilidade de situações excecionais de alguns abusos” e a abertura da praxe “para ações solidárias e culturais” envolvendo a comunidade em geral.
Alexandre Cruz considera que “tem havido evoluções positivas” no esforço de quem coordena a praxe em eliminar algumas possíveis “ações indignificantes” mas vê em “situações pontuais quase extra-praxe” ocorrências que podem deitar “a perder o excelente significado que a praxe consegue enquanto acolhimento dos novos estudantes e tradição académica”.
Os casos que chegam ao conhecimento do Provedor são considerados “casos pontuais” e há situações de “algum receio em sair da praxe em face de coação, ainda que indireta, de lideranças praxistas no terreno” mas há também “reações anti-praxe”.
“Sabendo das fronteiras interpretativas das palavras, há uns 10 dias quando a comunicação social agarrou este assunto pensei em escrever um artigo prudente para a imprensa regional com o título ´em Aveiro a praxe não é assim`, não querendo com isto qualificar os acontecimentos fatídicos do Meco como causa de praxe, mas essencialmente devido ao sombrio e nubloso mundo de ´sociedade secreta` da praxe em causa que têm vindo a público; e em Aveiro não é assim”.
O provedor confessa que não escreveu e preferiu remeter-se “ao também prudente silêncio”, diante do “barulho praxista” que se gerou com o caso.
Quanto ao sentido das praxes, admite que “para estudantes adultos a praxe saudável, inclusiva, cultural, solidária, festiva, criativa, de visão crítica futurista, acolhedora, claro que sim, será bem-vinda” mas as praxes realizadas de modo sombrio, abusivo, humilhante, irresponsável, reveladoras de ilusórias autoridades autoritárias que não existem, claro que não”. Diário de Aveiro |