É um dos 1.058 candidatos à tripulação de quatro na expedição “Mars One” que pretende colonizar Marte, após uma primeira triagem de um total de mais de 200 mil. Estudante de Engenharia Física da Universidade de Aveiro, Gracinda Ferreira, 33 anos, é arquitecta e feirense. É um dos nove portugueses a ultrapassar a primeira fase de selecção. Outras fases se seguirão, incluindo testes e estágios, até ao envio da primeira equipa de quatro elementos em 2024. A viagem será só de ida. O que motivará alguém a candidatar-se a uma viagem só de ida, ainda que o destino seja Marte?
Diário de Aveiro: O que a levou a candidatar-se a um lugar na tripulação da “Mars One” que será uma viagem apenas de ida? Este facto não a assusta?
Gracinda Ferreira: Foi a simples oportunidade de um convite à “população civil” para integrar uma missão a Marte que me levou a candidatar-me. O facto de que a missão não planeia um regresso para os escolhidos é um detalhe que de momento não me preocupa, porque ainda estou apenas em processo de selecção. Eventualmente terei de me preparar convenientemente para essa condicionante, mas para já encaro-o só como um elemento de dissuasão para os menos aventureiros.
O facto de ter formação em arquitectura e em engenharia física, poderá ser uma mais-valia na candidatura, dado que os elementos terão de desenvolver tarefas diversas, exigindo conhecimentos em mais de uma área... Acha-se bem preparada para um lugar na tripulação?
Acho que só astronautas profissionais se podem considerar bem preparados desde logo. Obviamente, preciso de mais tempo e de treino especial para poder integrar o programa, e haverá ainda que fazer avaliações à condição física dos candidatos, como às suas aptidões intelectuais e emocionais. Mas, o meu curso em arquitectura pode ser importante considerando que algumas das tarefas que nos exigirão podem ser tarefas relacionadas com o estabelecimento de uma colónia, que é uma espécie de mini-cidade, e que para isso se fazem necessários espaços habitáveis, se é que se pode falar em “espaço habitável” no espaço. Mas, este é um conceito muito interessante que me atrai muito explorar enquanto arquitecta e, também por isso, me candidatei. A minha formação em engenharia física será, certamente, uma grande mais-valia, mas ainda sou só “caloira” neste curso, pelo que ainda tenho muito de engenharia e de física para aprender.
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