De cada vez que o mar avança, galga as defesas e inunda áreas urbanizadas, populações e políticos maldizem a sua vida, recriminam-se uns aos outros e pedem soluções urgentes. É sempre assim. Mas este fenómeno veio para ficar e é preciso saber lidar com ele. “Ninguém pode ter ilusões”, avisa Carlos Coelho, especialista com quem o Diário de Aveiro falou ontem de manhã na praia da Barra, em Ílhavo, uma das zonas mais afectadas pela erosão costeira no litoral português.
Às dez horas da manhã, a Barra está quase deserta. Nas ruas passa um ou outro transeunte e um ou outro carro. Alguns pescadores tentam sacar peixe do mar. Carlos Coelho, professor da Universidade de Aveiro (UA), caminha com o Diário de Aveiro por aquela praia de Ílhavo, que recentemente foi notícia nacional pelas consequências do mau tempo e das marés. No areal vêem-se vários grandes sacos brancos de areia e salta à vista como, em algumas zonas, o mar está tão próximo das dunas – e a não muitos metros das dunas há casas. Em alguns locais, os passadiços estão quase suspensos, por terem perdido a sua base de sustentação.
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