Com um desempenho em contraciclo, os núcleos industrias ligados ao calçado no Norte do distrito de Aveiro enfrentam dificuldades em conseguir mão-de-obra fabril qualificada. Depois de vários anos de despedimentos, o incremento significativo das exportações obriga a procurar trabalhadores.
O centro de formação de São João da Madeira quase não parou na viragem de ano e vai arrancar nos próximos dias com novos cursos para mais oito dezenas de pessoas que esgotaram as vagas. As empresas têm pressa e procuram alternativas.
Há mais de dois meses que uma fábrica de calçado de Arouca procura mão-de-obra, oferecendo salário acima da media e outras regalias, como transporte. A empresa de recrutamento continua sem encontrar os candidatos pretendidos pelo cliente.
“Se conseguisse cinco a 10 gaspeadeiras para trabalhar em Arouca dava trabalho a todos”, revela Paula Almeida, técnica de recursos humanos. Garante que este caso é comum em outras localidades com indústria de calçado. A maioria das respostas que chegam são de pessoas sem experiência.
No passado recente, as empresas do sector estavam a despedir. A escassez mão de obra qualificada pode ter, em parte, explicação na economia informal.
“As pessoas mantêm os apoios e depois fazem outro salários com os recebimentos por debaixo da mesa”, revela a técnica.
No centro de formação profissional do calçado, em S. João da Madeira, arrancam, na próxima semana, novos cursos, nomeadamente de costureiras, montadores e gaspeadeiras, para satisfazer picos de encomendas. São mais 80 formandos, que esgotaram as vagas disponíveis. Tarefas especializadas, como refere o diretor, Eduardo Costa.
“Vamos assumir uma coisa que tem se ser assumida: é mais difícil fazer uma costureira que um montador de automóveis mas o montador ganha mais do que a costureira”.
Em 2013, a academia de formação do calçado colocou no mercado de trabalho mais de duas centenas de pessoas. Diário de Aveiro |