Aprovados em reunião camarária, os estudos prévios para beneficiação e requalificação de diversas estradas municipais, voltaram a “incendiar” a Oposição, que os classificou como meras “obras de papel”, de cariz eleitoralista.
UM PERFIL MAIS URBANO
Os estudos prévios, contemplando algumas das mais emblemáticas estradas do concelho de Vagos, fazem parte de um “pacote” de oitenta e sete projectos, que a autarquia de Rui Cruz diz querer ter em carteira. “É a única forma da Câmara poder candidatar-se aos vários tipos de financiamento”, admite o autarca vaguense, argumentando que quando tomou posse, veio encontrar um “vazio” total no que toca a projectos, que inviabilizou a gestão correcta do concelho. Totalizando cerca de 54 quilómetros, e com custos na ordem dos 4.673.225 euros, a intervenção camarária prevê beneficiação e alcatroamento de nove estradas, e a colocação de passeios e baías de estacionamento, numa tentativa de traçar um perfil mais urbano em zonas onde o tráfego é geralmente mais intenso. É o caso, por exemplo, da EM 591, que liga Vagos aos concelhos de Mira e Ílhavo, na zona das Gafanhas, onde, para além da requalificação da via, estão ainda previstas obras de saneamento. Outra das vias estruturantes é a que atravessa praticamente todo o município, ligando Fonte Angeão, Ponte de Vagos e Santo André, para além dos troços que liga a ponte do Areão ao estradão de Calvão, e a estrada do Lombomeão – Lomba – Vigia – Calvão. Segundo Rui Cruz, o Executivo camarário a que preside, elencou para 2004 uma série de prioridades, que apontam para o saneamento nas freguesias de Soza, Ouca, Santa Catarina e parte sul do Covão do Lobo, devido à textura do terreno, considerado barrento e deste modo impedindo o rápido escoamento.
OPOSIÇÃO DIVIDIDA
Embora dividida, a Oposição manteve-se crítica quanto a alguns dos estudos prévios. Com Paulo Neta a chamar “folclore” à iniciativa camarária, foi o vereador Carlos Bento quem chamou a si o protagonismo da reunião, para considerar um “paradoxo” a colocação de alcatrão e passeios em estradas que posteriormente terão de ser esventradas para obras de saneamento. Classificando de “jogada eleitoralista” a apresentação dos referidos estudos, o ex-presidente da Câmara acabaria por votar contra a maioria deles, mesmo depois de Rui Cruz, que se manteve pragmático na sua decisão, ter adiantado que estão em execução estudos prévios de obras de saneamento para dez freguesias do concelho. Em declarações ao Jornal da Bairrada, Rui Cruz reiterou a necessidade de avançar com o estudo prévio de algumas das mais “emblemáticas estradas” concelhias, para depois aprovar o projecto de execução. Mantendo o compromisso de não responder a “provocações”, por parte dos vereadores da Oposição, o autarca vaguense admitiu, contudo, que os “populares” voltaram a confundir projectos com execução de obras e estudos prévios com projectos de execução. “Precipitaram-se, não há nada a fazer”, disse Rui Cruz, para quem o vereador Álvaro Rosa é, porventura, o mais “avisado” entre os seus pares. “Percebe-se que tenha vivido mais intensamente a gestão camarária anterior que o próprio ex-presidente”, acrescentou.
Variante a Soza liga Vagos ao nó do IC1
Agora já é definitivo: a variante de Soza, com ligação a Vagos e ao nó do IC1, vai mesmo avançar. Quem o disse foi o Presidente da Câmara de Vagos, que teve, há dias, uma reunião de trabalho com o secretario de Estado das Obras Públicas. Rui Cruz, que, em declarações ao Jornal da Bairrada, anunciou a intenção do Governo, sublinhou que, em termos de Relatório Conformidade Ambiental Projecto de Execução (RECAPE), “falta apenas” alterar o parecer anteriormente remetido para a Secretaria de Estado do Ambiente, no qual eram levantados alguns problemas de ordem ambiental. “Chegou-se à conclusão que o parecer do INAG não fazia sentido”, explicou o autarca de Vagos, argumentando que vai ser o projectista a responder ao próprio INAG, que esteve presente na reunião, para que este reconsidere. Uma “grande vitória”, para Vagos e para o actual Executivo, considera Rui Cruz, que assinala a “coragem política” do secretário de Estado das Obras Públicas em levar por diante a variante de Soza. “Numa altura em que continua a passar-se a mensagem de que o país está parado , e que o Governo entrava o desenvolvimento do país, em resultado da política da contenção da Ministra das Finanças, é salutar que uma Secretaria de Estado venha assumir esta obra”, reconhece o presidente da Câmara, convicto de que continuam a ser dados “passos importantes” para a consolidação do progresso em Vagos.
Eduardo Jaques
Diário de Aveiro |