A professora primária que começou a ser julgada esta terça-feira no Tribunal de Vagos por, alegadamente, ter escondido um filho recém-nascido, o qual viria a ser encontrado sem vida dois dias depois, na bagageira do carro, negou as acusações que lhe são imputadas. P. Rocha, 42 anos, declarou no início do julgamento que os factos relativos ao parto ocorrido a 11 de Maio de 2011 na casa de banho da escola básica de Ponte de Vagos não foram premeditados. "Nunca tive intenção de matar, muito menos esconder", garantiu. A arguida disse que, estando indisposta e parecendo mal dos intestinos, foi surpreendida com o "corpo a expulsar o filho". O bebé de 37 semanas, segundo relatou, "caiu de cabeça na sanita". A parturiente cortou o cordão umbilical com a tesoura que tinha na sua posse, alegadamente para abrir os envelopes de exames de aferição. "Quando peguei nele já não respirava, estava morto", garantiu, contrariando o relatório da autópsia que aponta para asfixia, depois do recém-nascido ter sido deixado na carteira, envolto em plásticos alegadamente encontrados na casa de banho, que foi colocada na bagageira do carro. A arguida, à data, escondeu o parto das auxiliares da escola que deram com sangue na casa de banho, do pessoal do INEM chamado ao local e mesmo dos médicos no Hospital. "Agora não tem lógica, mas era o sentimento de posse do filho. Sabendo que íamos ser separados queria estar com ele em casa", justificou ao ser questionada pelo Juiz Presidente. Apesar de ter dado pela gravidez já em fase adiantada, a professora garantiu que pretendia ter o filho. "Não foi planeada, mas desejada", disse em resposta ao procurador do Ministério Público. Já a persistência em não revelar o parto, inclusivamente ao marido, durante os dias em que esteve hospitalizada, ficaram sem resposta. "Não consigo explicar", repetiu, aludindo a um suposto bloqueio. A mulher, casada, com dois filhos de sete e 11 anos, está acusada de um crime de homicídio qualificado e outro de profanação de cadáver. Texto: Júlio Almeida Diário de Aveiro |